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Temer tenta capitalizar PIB e fugir da cassação

2017-06-02 01:30:00
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O crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano foi comemorado por Michel Temer como um gol em final de Copa do Mundo. Para o presidente, que vinha sob pressão crescente desde que estourou a delação da JBS e o Supremo resolveu investigá-lo, a notícia chega como uma tábua de salvação política.

[SAIBAMAIS]

Nas vésperas do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa Dilma/Temer, o Palácio do Planalto se agarra ao bom ambiente econômico para ganhar fôlego após escândalos e derrotas sofridas tanto no Judiciário quanto no Congresso. Para o presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, a estabilidade do País será levada em conta no processo.


Em pronunciamento ontem nas redes sociais, o presidente tentou capitalizar os números como discurso político., decretando o fim da recessão, embora, na prática, economistas vejam o desempenho da economia ainda longe de plena recuperação.


É o caso de Marcos Melo, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Distrito Federal (Ibmec/DF). “Não é um crescimento (do PIB) real porque precisaríamos aguardar novos números nos próximos trimestres”, ressalva o pesquisador.


Segundo ele, há incongruência entre o crescimento dos setores que compõem o PIB. “A agricultura foi o setor que mais puxou o crescimento.

O setor de serviço quase não cresceu, basicamente.”


Investigado no Supremo Tribunal Federal como suspeito de haver cometido três crimes relacionados nas delações da JBS, Temer disse no vídeo divulgado ontem que “o Brasil venceu a recessão” e que o resultado é a “conquista de um ano de trabalho”.


O anúncio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os números econômicos do início do ano ocorreu no mesmo dia em que o ministro tucano das Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes, reafirma lealdade do partido ao governo.


O cientista político Adriano Gianturco (Ibmec/MG) avalia que o resultado da economia pode impactar na decisão do TSE no processo de julgamento da chapa por abuso de poder econômico.


“Com certeza não é só uma questão jurídica, mas políticas também”, reflete.

O pesquisador lembra que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment não apenas pelas pedaladas, mas também pelo agravamento da crise econômica. (com agências)

Wagner Mendes

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