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Temer respira

2017-06-02 01:30:00
Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura


Se economicamente o crescimento do PIB pode ser relativizado, com a agricultura puxando o restante da cadeia, politicamente não há dúvida de que Michel Temer viveu ontem o seu momento de maior respiro desde que as delações da JBS vieram à tona, duas semanas atrás. Não à toa, o presidente e sua entourage foram imediatamente às redes sociais decretar o fim de dois anos de recessão, apesar da cautela recomendada mesmo pelos economistas mais conservadores. A euforia palaciana tem sua razão de ser. Na terça que vem, dia 6, começa no TSE o julgamento que pode selar o destino de Temer, cassando-o por abuso de poder econômico ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, dobradinha que se notabilizou por arruinar as finanças do país de um lado e, do outro, mergulhá-lo numa crise sem proporções. Ora, o peemedebista sabe que, do mesmo modo que o impeachment da petista, o processo na Corte Eleitoral tem sua componente política. Para quem tem dúvidas disso, Gilmar Mendes está aí a lembrar todos os dias que os ministros levarão a estabilidade em conta. Logo, é de se esperar que, em meio a um cenário de catástrofe, qualquer melhora nos negócios tenha um peso sobre como cada membro do colegiado irá votar. Outro aspecto diz respeito à manutenção da base e à garantia de que Temer entregará as reformas que promete. Mesmo inexpressivo, o crescimento do PIB servirá como elemento capaz de segurar seu principal aliado, o PSDB. Finalmente, há um fator de risco nesse frágil equilíbrio: o inquérito no STF. Hoje, o mais provável é que a PGR denuncie o presidente e o Supremo acate. Caso isso ocorra, será na condição de réu que o chefe da nação negociará com o Congresso sua ponte para o futuro.

Adriano Nogueira

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