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Temer admite uso de jato, mas diz que não sabia a quem pertencia

2017-06-08 01:30:00
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O presidente Michel Temer mudou de versão e admitiu ter viajado com a família para Comandatuba (BA) em janeiro de 2011 e disse ainda que “não sabia a quem pertencia a aeronave e não fez pagamento pelo serviço”. Ontem, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota na qual retifica uma informação dada na terça-feira, 6, de que o então vice-presidente Michel Temer, em 2011, havia usado aviões da Força Aérea Brasileira para fazer uma viagem com a família para Comandatuba e Porto Alegre.

[SAIBAMAIS]

Segundo o Planalto, “o então vice-presidente Michel Temer utilizou aeronave particular no dia 12 de janeiro de 2011 para levar sua família de São Paulo a Comandatuba, deslocando-se em seguida a Brasília, onde manteve agenda normal no gabinete”, diz “A família retornou a São Paulo no dia 14, usando o mesmo meio de transporte. O vice-presidente não sabia a quem pertencia a aeronave e não fez pagamento pelo serviço”, completa o texto.


O dono da JBS, Joesley Batista, entregou à Procuradoria-Geral da República um diário de voo de seu jatinho com informações sobre viagens de Michel Temer. O caso foi revelado pelo site O Antagonista e confirmado pelo Estadão. De acordo com os documentos do Learjet PR-JBS entregues pelo acionista do grupo J&F, Temer teria viajado com a mulher, Marcela, em 2011 em pelo menos duas oportunidades - na época, o peemedebista era vice de Dilma. Uma das viagens do casal relatadas no diário foi entre Comandatuba, na Bahia, e São Paulo. A outra foi para Porto Alegre. No diário de bordo consta a anotação “Família sr. Michel Temer”.

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Na terça-feira, ao ser questionado sobre as viagens, o Planalto havia informado que “o então vice-presidente Michel Temer não foi a Comandatuba em janeiro de 2011. Ele foi no mês de abril para compromisso com o grupo Lide e utilizou aeronave da FAB para seu deslocamento. Michel Temer também usou avião da FAB para deslocamento a Porto Alegre, no mês de janeiro.”


A equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai analisar as informações relativas ao jatinho para confirmar se as viagens foram realmente realizadas. A apuração, que servirá apenas como prova de corroboração sobre a relação de Temer com Joesley, será feita dentro do inquérito já instaurado contra o presidente. O empresário entregou as informações sobre os voos para reforçar sua versão apresentada no acordo de colaboração premiada de que mantinha “estreita relação” com Temer.


Temer: fico até o fim

Sem citar diretamente a crise política ou o processo que está sendo julgado no TSE e que pode cassar o seu mandato, o presidente Michel Temer usou o discurso do anúncio no Plano Safra 2017/2018 para tentar empregar uma ideia de otimismo e reafirmou que está seguro de que permanecerá no cargo. “Vamos conduzir o governo até 31 de dezembro de 2018”, disse para uma plateia de lideranças rurais e diversos políticos que ocuparam o Salão Nobre do Palácio do Planalto. (Agência Estado)

 

Saiba mais


O criminalista Antônio Claudio Mariz, que representa Michel Temer, disse que “não vê nenhum problema” no fato de o peemedebista ter viajado em um jatinho particular. Mariz adverte, porém, que a viagem não pode ser incluída no âmbito da Operação Patmos, que põe o presidente sob suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.


“Esse fato não deveria ser analisado à luz do inquérito instaurado pois ocorreu, se é que ocorreu, em período anterior à Presidência da República, razão pela qual, de acordo com o artigo 86, parágrafo quarto da Constituição, não pode ser alvo de investigação. No entanto, independente desse aspecto legal, não vejo nenhuma anormalidade no fato de o cidadão Michel Temer ter se deslocado em um avião que lhe foi emprestado”.

 

Adriano Nogueira

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