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Suposta propina a "assessor" de procurador constrange MPF

2017-06-14 01:30:00

Em trechos de seu depoimento sobre suposta corrupção nas obras da adutora do Castanhão, o ex-executivo da Odebrecht Ariel Parente Costa aponta negociações com o engenheiro Marco Antônio Araripe, identificado na delação como “assessor” do procurador da República Alessander Sales.


“À medida que a Procuradoria demandava esclarecimentos da Secretaria (de Recursos Hídricos), procurávamos contatar o assessor Marco Antônio Araripe, para evitar que a Procuradoria criasse dificuldades”, afirmou o ex-diretor da Odebrecht. Em troca, supostamente, era paga propina de até R$ 40 mil ao engenheiro.


Na delação, Parente relata que, segundo dizia o engenheiro, Alessander Sales não sabia do contato entre eles, e que os supostos pagamentos não favoreciam o procurador. Apesar disso, o vínculo profissional entre Araripe e Alessander Sales tem sido questionado nos bastidores do Ministério Público.


O engenheiro não fazia parte do quadro funcional da Procuradoria, mas prestava serviço ao gabinete de Sales. Conforme uma fonte disse ao

O POVO
, Marco Antônio não era sequer identificado na portaria do órgão. Funcionários teriam ficado “surpresos”.


Em entrevista, Alessander Sales afirmou que o engenheiro atuava como “colaborador”. Que não visitava obras, nem elaborava relatórios, mas que ajudava “tecnicamente”, orientando, por exemplo, sobre o tipo de documentos a serem solicitados em determinados casos. Questionado sobre a relação de informalidade com Araripe, Sales disse ter se arrependido. “Era um cara da minha confiança, ajudou em vários casos que geraram economia ao erário. Hoje, lógico que me arrependo”, afirmou.


Por telefone, Araripe disse que não daria entrevista. Seu advogado, Paulo Quezado, afirmou que o engenheiro nunca tratou de pagamentos com os empresários envolvidos. (HR)

 

Adriano Nogueira

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