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Citado em delação, procurador cobra investigação

2017-06-01 01:30:00
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Citado em delação de ex-diretores da Odebrecht, o procurador da República Alessander Sales negou ontem envolvimento em irregularidades e defendeu apuração rigorosa do caso.


Em depoimento à Lava Jato, o ex-executivo da empreiteira, João Pacífico, disse ter repassado propinas a um assessor do procurador para evitar “dificuldades” em contrato da Odebrecht com a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ceará para obras do sistema Castanhão.


Apesar de apontar relação entre Sales e o assessor Marco Antônio Araripe, Pacífico destaca que jamais teve “qualquer tratativa” com o procurador, “não sendo possível afirmar se ele teria conhecimento ou suspeitas do acordo espúrio”.


O delator afirma, no entanto, que o esquema buscava evitar questionamentos da Procuradoria da República no Ceará (PR-CE) em “aprovação de medições, pagamento de faturas ou assinatura de aditivos” do contrato.


Em outro momento da delação, no entanto, Pacífico diz que o próprio assessor teria enfatizado que o acordo “não era do conhecimento, tampouco favorecia” o procurador. Ao remeter o caso para a primeira instância da Justiça Federal no Ceará, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu não incluir Sales entre os alvos da investigação.


Em entrevista ao O POVO, o procurador afirmou que, mesmo não sendo objeto do inquérito, enviou ofício à PGR para que ela analise sua possível inclusão entre os investigados. “Se ela quiser ampliar e me incluir, pode incluir. Temos todo o interesse que tudo seja investigado e que, se o delator fez aquelas acusações, ele deve explicar”, disse.


No Ceará, o processo chegou inclusive a ser distribuído, por sorteio, ao próprio Alessander Sales, que se declarou impedido no caso.


“Trabalhos eventuais”

Sales destaca ainda que Marco Antônio não era “assessor” de seu gabinete, mas apenas teria feito “trabalhos esporádicos” de auxílio a suas atividades. “Ele fez trabalhos de laudos técnicos, alguns remunerados, outros não”, disse, destacando que o engenheiro era parceiro regular da PR-CE e teria trabalhado para outros membros do órgão.

 

“Era em um momento que tínhamos menor estrutura, eram trabalhos com base na confiança. Se nada tivesse acontecido, talvez ainda estivéssemos trabalhando com ele. Para mim, foi uma grande surpresa”, respondeu.


Delação que cita o procurador é a mesma que acusa o ex-presidente da Superintendência de Obras Hídricas do Ceará (Sohidra), Leão Montezuma, de ter recebido R$ 500 mil em propina. O caso segue em segredo de Justiça.


O POVO tentou contato com Montezuma e Marco Antônio Araripe, mas não conseguiu localizar os citados.

 

Saiba mais


Nas últimas semanas, circulou nota apócrifa que aumenta acusações contra Alessander Sales no caso. A mensagem sugere ainda ação do Foro Federal do Ceará para “blindar” Sales e “travar” trâmite do processo.


A mensagem motivou nota de repúdio da Associação de Juízes Federais da 5ª Região (Rejufe), que cobrou que a Polícia Federal apure o caso. “As inverdades veiculadas tem o claro objetivo de desgastar pessoas e instituições, tentando, em vão, demovê-las do cumprimento de suas atribuições", diz Sales.

 

Carlos Mazza

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