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A chance que o PSDB tem para se reerguer

2017-06-09 01:30:00

Ítalo Coriolano, editor-adjunto de Conjuntura


Passados quase 30 anos da fundação do PSDB, ninguém há de negar a relevância histórica que o partido representa para o País. Teve ou tem em seus quadro nomes respeitados da política nacional, como Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati. Durante os oito anos em que comandou o Palácio do Planalto,apesar de algumas falhas, a sigla foi responsável por conquistas importantíssimas, como a criação do Plano Real, o controle da inflação, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a implementação dos genéricos, a criação de um programa de combate à aids que é modelo para o mundo, o Bolsa Escola - semente do Bolsa Família - , além de uma série de obras que garantiram um certo progresso ao Brasil.


Entretanto, as quatro derrotas consecutivas nas eleições para presidente da República parecem ter desnorteado a legenda, principalmente após a disputa de 2014. Os tucanos resolveram praticar uma oposição predatória, a ponto de se consorciarem com um criminoso do porte de Eduardo Cunha (PMDB), ajudando a aprovar pautas-bomba e dando apoio a um controverso processo de impeachment.


Foram vitoriosos no projeto de tirar o PT do poder a qualquer custo e, em seguida, obrigados a se tornarem o principal apoiador de um governo que já nasceu doente.


As sequentes denúncias contra os principais nomes no núcleo peemedebista foram agravando o quadro, até que estourou a delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley Batista.


O presidente Michel Temer foi para o centro de um escândalo que a cada dia deteriora suas condições de permanecer no posto. Uma conversa para lá de comprometedora gravada, um assessor direto correndo pelas ruas de São Paulo com uma mala contento meio milhão de reais, as decisões que colocam em xeque a Lava Jato, viagens em jatinho da propineira JBS. Daqui a alguns dias, chegará ao Congresso a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR)contra Temer. O que mais precisa acontecer para o PSDB perceber que está apoiando uma estrutura nociva ao País? Que nível de imoralidade a sigla é capaz de suportar? Ou será que ela concorda com tudo isso? Ou será que não liga para o desgaste que a relação íntima com o atual presidente provoca?


Partindo-se do pressuposto de que a resposta é não, chegou a oportunidade de desembarcar da base aliada e resgatar a dignidade essencial para o futuro político do grupo. Sempre é possível reconhecer erros e recomeçar trajetórias. Continuará a apoiar as reformas que acredita serem fundamentais, mas a partir de um novo marco ético. Isso fará bem para o partido e muito mais para o País.

 

Adriano Nogueira

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