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República da propina

2017-05-20 01:30:00

Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura


Os detalhes das delações dos executivos da JBS expuseram um esquema monumental de distribuição de propinas a quase dois mil parlamentares espalhados por todo o espectro político. Os repasses alcançaram 28 das 36 legendas registradas pela Justiça Eleitoral. Ajudaram a eleger quase duas centenas de deputados, entre federais e estaduais, e outro contingente numeroso de senadores.

A empresa, maior produtora de proteína animal do mundo, é dona também da maior bancada congressual. Eis aí a mazela responsável pela metástase que acomete a República: desvirtuado, o sistema político serve-se do voto, instrumento vital nas democracias, para enriquecer, abastecendo-se de recursos ilegais, financiando seus malfeitos e retribuindo favores às empresas doadoras, que são as verdadeiras detentoras dos mandatos. É uma cadeia cujos elos foram sendo costurados por décadas, atravessando todos os governos antes e depois da redemocratização. Foi assim que JBS, OAS, Odebrecht e outras companhias assumiram o comando do País. Todas as informações prestadas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista indicam que a corrupção é elemento constitutivo do nosso modelo político-partidário. O que se espera é que as bases desse país ao avesso estejam ruindo. O Brasil precisa refundar-se.

As eleições de 2018 serão uma grande oportunidade para isso.

Adriano Nogueira

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