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O presidente fica, mas a base quer discutir a relação

2017-05-19 01:30:00
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Fonte ligada ao PSDB, normalmente comedida, alterou o ritmo da voz e manifestava-se em tom alterado, no meio da manhã do tenso dia de ontem, acerca da situação que o País vive. “São todos bandidos, Temer, Aécio, Lula, Dilma, Gleisi”, meio que gritava ao telefone, expondo o clima que predominava no partido, cuja presença na base é dada como decisiva para o governo de Michel Temer ter alguma perspectiva de superação do agravamento da crise política. O ânimo tucano ofereceu, ao longo desta quinta-feira, a melhor temperatura de um dia que fez a política tremer, em meio à expectativa de renúncia do presidente que acabaria não se efetivando.


Temer fica, conforme anunciou no final da tarde sob grande expectativa, mas dentro de um quadro de grande fragilidade política. O PSDB, por exemplo, chegou a ensaiar um desembarque do governo, com pelo menos um dos seus quatro ministros - Bruno Araújo, de Cidades -, anunciando que deixaria o cargo, mas, uma nota de sua executiva, assinada pelo presidente em exercício, o senador cearense Tasso Jereissati, manifestava um apelo público para que nenhuma decisão definitiva fosse tomada agora. O peemedebista, assim, ganha mais um tempo para oferecer ainda alguma demonstração de que tem força para reverter o cenário.

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Enquanto o PSDB optava por esperar mais algum tempo, outros aliados sinalizavam de maneira mais clara em direção à porta de saída. É o caso do PSB, cujo presidente Carlos Siqueira defendeu a entrega dos cargos imediatamente. O assunto será tema de reunião convocada para hoje.


O PPS também marcou seu incômodo. Roberto Freire comunicou ao Planalto que deixará a pasta da Cultura, voltando para Câmara dos Deputados, enquanto Raul Jungmann, após ensaiar fazer o mesmo caminho, entregando o ministério da Defesa, divulgou nota anunciando que permanece no cargo. Sem deixar claro até quando.


Mercado e voto

Dentre os apoiadores do governo no parlamento, o esforço ontem era de relativizar tudo que aconteceu nas últimas horas. Darcidio Perondi (PMDB-RS), vice-líder na Câmara, esteve ao lado de Temer quase todo o dia e era a voz mais firme de defesa do presidente, Quanto ao risco de impeachment, já que pelo menos três pedidos foram apresentados na Câmara e Senado desde a noite da quarta-feira, garantiu que “serão todos rejeitados”.

 

O Palácio do Planalto estará nesta sexta-feira, mais uma vez, de olho no mercado para que a economia apresente um dia mais tranquilo e ajude a conter a debandada na base de Michel Temer. E, claro, espera que nenhuma surpresa nova no âmbito da investigue policial estrague sua expectativa.

 

Guálter George
Editor executivo do núcleo de conjuntura

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