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João Santana afirma que Lula e Dilma sabiam de caixa 2

2017-05-12 01:30:00
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Segundo marqueteiro responsável por campanhas dos dois petista, foram várias as vezes em que precisou fazer a ambos cobranças de pagamentos. Dilma diz que fala é “falso testemunho”. Lula alega que não há provas
Em anexo de delação premiada, o marqueteiro João Santana informou ao Ministério Público Federal que o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff tinham ciência de pagamentos oficiais e de caixa 2 feitos como contraprestação aos serviços prestados em campanhas eleitorais. De acordo com ele, falou diversas vezes com Lula e Dilma quando necessitava fazer cobranças. “Nestas oportunidades, tanto Lula como Dilma se comprometeram a resolver o impasse e, de fato, os pagamentos voltavam a ocorrer. Tanto os pagamentos oficiais, quanto os recebimentos de valores através de caixa 2”, informa o marqueteiro.

 

No depoimento aos investigadores, Santana fala da relação da Odebrecht no pagamento das dívidas de campanha e diz que Dilma e Lula sabiam que a conta seria paga com recursos de caixa dois da empreiteira baiana.

 

Ele narra ainda que o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci dizia que decisões definitivas sobre pagamentos dependiam da “palavra final do chefe”, em referência a Lula. Em dois momentos da campanha à reeleição de Lula, Santana diz ter ameaçado interromper os trabalhos em razão de inadimplência. Depois disso, o petista pressionou Palocci que “colocou a empresa Odebrecht no circuito”, segundo a delação.

 

Na delação, Santana foi questionado por procuradores quais questões que, segundo Palocci, dependeriam do “respaldo do chefe”. O marqueteiro disse que eram questões referentes aos valores totais de seus honorários nas campanhas. João Santana diz, em seu relato, que soube por sua esposa que Palocci tinha “poder quase absoluto” sobre o fundo de caixa dois do PT manuseado pela Odebrecht.

 

A empreiteira baiana revelou na delação premiada de seus executivos que havia uma conta corrente destinada aos governos do PT e abastecida pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como departamento da propina da empresa.

 

O marqueteiro confirma a existência da conta corrente. Segundo Santana, Palocci o questionou “você tem conta no exterior?”. Após uma resposta afirmativa, o ex-ministro da Fazenda disse que depósitos seriam feitos fora do País pela Odebrecht “para segurança de todos” e que a empresa tinha “o respaldo do chefe”.

 

Conforme os delatores, a campanha de 2006 marcaria o início de um relacionamento com o PT que se arrastaria até 2014, com a reeleição da então presidente Dilma Rousseff.

 

Em seus anexos de delação, Mônica Moura contou que acertou com Palocci, em 2006, os valores de caixa 1 e caixa 2 para a campanha de reeleição de Lula. Na ocasião, o petista teria informado a ela que parte do dinheiro por fora seria desembolsado em espécie e parte pela Odebrecht. Ele a teria orientado a procurar Pedro Novis, então presidente do grupo. (AE)

 

Saiba mais

 

A ex-presidente Dilma Rousseff lamentou, nesta quinta-feira, 11, o que classificou de "tardia" decisão do STF de acabar com o sigilo dos depoimentos dos marqueteiros do PT João Santana e Monica Moura. A petista enfrenta processo de cassação da chapa dela e do então candidato a vice-presidente Michel Temer, nas eleições de 2014. Os advogados já apresentaram as alegações finais no processo.

 

De acordo com nota da assessoria de Dilma, há semanas a defesa requereu acesso às delações dos marqueteiros do PT ao ministro relator da ação movida pelo PSDB no TSE, Herman Benjamin, "a fim de apresentar suas alegações finais". Por meio de nota, a assessoria de imprensa da ex-presidente reiterou que "João Santana e Mônica Moura prestaram falso testemunho". A defesa de Dilma já havia afirmado que o casal "mentiu" à Justiça e pede a revogação do benefício da delação premiada de ambos.

Em nota, a defesa de Lula afirmou que as declarações nada provam, inclusive por terem sido dadas no contexto de delações, nas quais o MPF pressiona pessoas a confessarem crimes para se livrar da prisão.

 

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