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Um ano depois do impeachment, deputados enfrentam Lista de Fachin

2017-04-17 01:30:00
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Dos 39 deputados que constam na lista de pedidos de inquérito do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), 21 foram favoráveis à abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), em votação na Câmara Federal há exatamente um ano. A sessão mais longa da história da Casa virou assunto na internet após ser marcada por discursos de parlamentares que mandavam beijos para seus filhos, mulheres e maridos e que defendiam o combate à corrupção e a democracia.

[SAIBAMAIS]

Para a historiadora e socióloga da Fundação Getúlio Vargas, Dulce Pandolfi, o número “descredibiliza” a votação. “Essas pessoas não tinham a menor moral pra tirar a Dilma, ainda menos com esse argumento. Isso demonstra que o processo foi ilegítimo”, acredita.

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Dos 39 alvos de Fachin, somente três não participaram da sessão: o cearense Paulo Henrique Lustosa (PP) e Yeda Crusius (PSDB-RS) por serem suplentes, e Nelson Pellegrino (PT-BA) porque estava licenciado. Além deles, dois se abstiveram e 13 votaram contra a abertura do processo, dos quais dez são petistas.


O professor de sociologia e política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, vê os dados de outra forma. “A divulgação da lista de Fachin mostra que o discurso de golpe não passa de retórica. A Lava Jato não foi afetada, ela avança e mostra que, no fundo, toda a classe política brasileira se encontra sob suspeita”, argumenta.

 

Avanços e retrocessos

Menos de dois meses após a sessão histórica, Dilma foi afastada definitivamente da presidência da República, dando lugar a Michel Temer (PMDB). No discurso de posse, ele falou em reunificar forças e tirar o País da crise política e econômica. Mas dá para dizer que muita coisa mudou?

 

Para Rodrigo Prando, a principal diferença do governo atual é que, apesar da baixa popularidade, ele “não está paralisado e tem condições de governar”, já que, pela maioria do Congresso, consegue aprovar as matérias. É o que apontam deputados da base de Temer, que também afirmam que há melhora econômica, apesar do desemprego continuar na casa dos 13 milhões.


“Teve a diminuição dos juros e da inflação, a retomada da credibilidade do País nos investimentos internacionais”, enumera Raimundo Gomes de Matos (PSDB). Cabo Sabino (PR), que foi favorável ao impedimento, também destaca melhorias econômicas, mas disse que, “politicamente, não mudou quase nada”. “O que eu votei no governo Dilma, eu votei no governo Temer. (...) Hoje, a da credibilidade dos políticos está muito pior”, diz.


José Guimarães (PT) acredita que não houve melhora. “Prometeram o céu e estão levando o País para o inferno”, afirma. Ele lembra que a popularidade de Temer está ainda menor que a de Dilma à época. “Esse governo não tem condições de governar o País para reunificá-lo”, rebate.


Leia artigo de Henrique Araújo em https://goo.gl/AQdBCu

 

Números

 

39 é o número de deputados federais alvos da lista de Fachin de pedidos de inquérito


21 deputados, dos 39, votaram pelo impeachment de Dilma um ano atrás

 

Letícia Alves

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