"Temer não tem para onde ir", diz Renan Calheiros
Os ataques do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), ao governo do presidente Michel Temer têm gerado desconforto na bancada - a maior da Casa, com 22 integrantes.
A avaliação é de que Renan precisa assumir uma postura de liderança, e não transferir problemas pessoais aos correligionários. Apesar disso, a maioria dos descontentes evita o enfrentamento com o parlamentar, que mantém o prestígio e a influência de quem já foi quatro vezes presidente do Senado.
Em jantar na última terça-feira na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), Renan reuniu mais da metade da bancada e afirmou que o “presidente Michel Temer não tem para onde ir”.
O evento foi organizado pelo senador em busca de apoio. No dia seguinte, Renan repetiu a frase na tribuna do plenário.
“Eu fiz uma manifestação a partir da minha percepção e pela convivência que tive com os dois, a Dilma e o Temer. A presidente Dilma sempre me passou a impressão de que não sabia para onde ir”, disse Renan.
E completou: “O presidente Michel Temer, com essa política econômica de arrocho, de juro alto, de aumento de imposto, de recessão, de desemprego, se não mudar, está passando a percepção que não tem para onde ir. Ou seja, a presidente Dilma não sabia para onde ir e o presidente Michel Temer não tem para onde ir com essa política recessiva”.
Críticas e aplausos
Após o pronunciamento, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) repreendeu o líder. “Ele repetiu ao microfone o que disse ontem (antes de ontem), só que aqui ele é líder da bancada. Perguntei se ele me consultaria para saber se eu também pensava dessa forma”, disse Rose.
Outros senadores já haviam “chamado a atenção” de Renan durante o jantar de Kátia Abreu, lembrando que as suas questões políticas em Alagoas estavam atrapalhando as escolhas para as comissões e relatorias do Senado.
“Você é nosso líder, não pode trazer os problemas de Alagoas para dentro da bancada”, afirmou a senadora, de acordo com um parlamentar. Renan, porém, acabou ovacionado por petistas. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) gritou: “Muito bem. É isso aí”. Humberto Costa (PT-PE) brincou que iria “terceirizar” o seu posto para o peemedebista. (Agência Estado)
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Críticas
Ainda durante o jantar na casa da senadora Kátia Abreu, alguns senadores teriam reclamado da pressão feita pelo Palácio do Planalto pela aprovação da reforma da Previdência. A avaliação é de que a cúpula do governo, o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) não "entendem" a situação dos congressistas porque não "dependem" do voto popular.
"Nenhum deles é candidato a nada e nas últimas eleições que disputaram, perderam. Agora, querem cobrar dos parlamentares. Estão pedindo o que não vão ganhar", afirmou um peemedebista que participou do encontro.
Adriano Nogueira