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Policiais cearenses lideraram protesto na Câmara

2017-04-20 01:30:00
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A intenção era fazer um protesto pacífico a favor da aposentadoria diferenciada dos policiais. O ato, realizado em Brasília pela União dos Policiais do Brasil (UPB), que reúne categorias e sindicatos de agentes de segurança de todo o País, acabou saindo do controle. Apesar da orientação, policiais civis decidiram protestar contra todo o texto da reforma da Previdência e não apenas um de seus itens.


O relato é feito pelo próprio presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol), Francisco Lucas. Segundo ele, a Polícia Legislativa reagiu à manifestação com sprays de pimenta, bombas de efeito moral e cassetetes. Em vídeo, o dirigente sindical é visto na linha de frente do confronto com os policiais dentro da Câmara dos Deputados.


“Alguns representantes de sindicatos de todo o País, inclusive nós, do Sinpol, decidiram fazer um protocolo de pedido do afastamento do senhor Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma”, conta Lucas. E apresenta as razões: Maia “foi financiado na campanha por bancos que trabalham com Previdência privada, e um deputado não pode relatar uma matéria em que ele tenha interesse próprio”.


Conforme o sindicalista, os manifestantes tentaram “entrar (na Câmara) para protocolar esse documento”, mas os seguranças teriam-nos impedido de entrar. Nessa hora, ele conta, “a Polícia Legislativa nos barrou, e nós ainda tentamos negociar a entrada de só uma comissão, mas eles foram irredutíveis”.


Sobre a confusão e a quebradeira na entrada - uma porta de vidro foi danificada -, o presidente do Sinpol diz que a categoria não se arrepende e que se articula para voltar a Brasília no início de maio. “Esse Governo e esse Congresso não têm legitimidade para mexer nos nossos direitos e no de toda a população”, argumenta. Ele informa que três policiais se feriram levemente após a confusão, mas foram liberados na hora.


Iniciado por volta do meio-dia, o protesto na Câmara contou com movimentos simbólicos, como cruzes e lápides espalhados pelo gramado. Eles atearam fogo a caixões, representando o momento em que os policiais conseguiriam se aposentar com as novas regras.


Por meio de nota, a UPB afirmou que o objetivo do protesto era pedir a mudança em um dos trechos da PEC 287, que retira a classificação de “atividade de risco” das categorias. De acordo com a entidade, a mudança elevaria o tempo mínimo de contribuição previdenciária dos agentes de segurança, que têm uma “expectativa de vida inferior ao restante do funcionalismo público”.


Contra a reforma

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Economia (Cofecon) lançaram ontem nota conjunta contra a reforma da Previdência.

 

O documento defende que “nenhuma reforma que afete direitos básicos da população pode ser reformulada sem a devida discussão com o conjunto da sociedade e (de) suas organizações”. Também afirma que a reforma “não pode ser aprovada apressadamente nem pode colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem econômica acima das necessidades da população”.


A nota cobra auditoria, argumentando que “sem a compreensão clara da gestão torna-se impossível discussão objetiva e honesta”.

 

Saiba mais


Recuperação fiscal

O Plenário da Câmara dos Deputados manteve ontem, por 302 votos a 98 votos - e duas abstenções - as contrapartidas exigidas pela União aos Estados que aderirem ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Um destaque foi apresentado pela bancada do PCdoB para que fosse votado em separado o artigo que estabelece as duras e impopulares medidas que terão que ser tomadas pelos governos estaduais. A mesa da Câmara segurou a votação por mais de uma hora e meia até que os deputados da base - muito deles que estavam almoçando - chegassem ao Plenário, para garantir o voto a favor da manutenção do artigo.

 

Adriano Nogueira

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