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Pelo fim do autoritarismo em nome da democracia

2017-04-29 01:30:00

Nathália Bernardo, editora-adjunta do Núcleo de Negócios


As cenas se repetem. Numa marcha em clamor pela democracia, cidadãos são coagidos a parar de trabalhar. Enquanto o Governo é acusado de golpe, quem decidiu sair de casa é impedido de trafegar. Em meio a gritos contra corrupção, equipamentos públicos e estabelecimentos privados são depredados. Num apelo por direitos, muitos brasileiros não puderam exercer os seus.


A manifestação é salutar. Afinal, vivemos num país democrático – e quem diz o contrário estava ontem bradando livremente e em coro contra o Governo. Inadmissível é o autoritarismo dos militantes profissionais, que encarnam tudo aquilo que dizem combater.


Antidemocrático é não deixar que o cidadão decida por si. Não escolher quem o representa. Obrigá-lo a contribuir com determinada entidade. Uma representação prática do sistema vigente, em que o trabalhador é considerado hipossuficiente e que precisa, compulsoriamente, do sindicato para agir em seu nome. Resultado: entidades que abusam do poder. O trabalhador é obrigado a sustentar uma entidade que o tira à força do ambiente de trabalho, que interrompe seu trajeto pela cidade, que o coage a uma manifestação.


Eis um dos cernes da voracidade do movimento de ontem. A reforma trabalhista reduz os poderes dos sindicatos, abre margem à negociação direta entre empregadores e empregados, acaba com a obrigatoriedade da contribuição sindical. Os bons sindicatos, que representam bem sua classe, sobreviverão e ficarão mais fortes. Os ruins desaparecerão.


Será o fim do autoritarismo em nome da democracia. Ao trabalhador, a alforria.

 

Adriano Nogueira

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