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Odebrecht afirma que Bernardo pediu US$ 40 mi por indicação de Lula

2017-04-13 01:30:00
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O presidente afastado da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou ao juiz federal Sergio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, que o ex-ministro Paulo Bernardo pediu, por indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contribuição de US$ 40 milhões, para aprovação de uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para que a empresa exportasse bens e serviços para Angola.

[SAIBAMAIS]

“No caso específico dessa negociação, em 2009, início de 2010, até porque eu acho que estava se aproximando da eleição, veio o pedido solicitado para mim por Paulo Bernardo, na época, que veio por indicação do presidente Lula, para que a gente desse uma contribuição de US$ 40 milhões e eles estariam fazendo a aprovação da linha de US$ 1 bilhão para exportação de bens e serviços”, declarou Odebrecht, ouvido no dia 11 por Moro, como réu em ação penal em que o ex-ministro Antonio Palocci é acusado de acertar R$ 123 milhões em propinas ao PT.


“Em 2009, 2010, teve uma negociação de uma linha de crédito envolvendo Angola que se dava entre os dois país”, explicou Odebrecht. O vídeo do depoimento, que estava sob sigilo, foi tornado público ontem.


O delator revelou que o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda, governo Lula, e Casa Civil, governo Dilma Rousseff) era o principal interlocutor das propinas acertadas pela Odebrecht com o PT. Identificado como “Italiano” nas planilhas secretas do Setor de Operações Estruturadas - o chamado “departamento da propina” -, Palocci cuidou dos repasses para Lula, que era identificado como “Amigo”. “Todos pagamentos eram autorizados por Palocci.” Além de Palocci, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega passou a ser outro interlocutor dos acertos da conta corrente do PT, sob o codinome “Pós-Itália”.


“Nós participávamos dessa negociação no sentido de dar inputs para o governo de lá, o governo daqui, mas nunca entramos nessa negociação, porque era entre os dois países. Nós tínhamos interesses, era exportação de bens e serviços, tínhamos fechados vários contratos em Angola e que só demandava essa linha de crédito para fazer exportação de bens e serviços. Quando veio essa negociação de US$ 1 bilhão, como sempre a gente fazia a gente tentou mostrar com embasamento técnico, que a linha era importante.”


O empresário, um dos 78 delatores da Odebrecht, afirmou que buscou o diretor da empresa em Angola, e combinou de embutir os US$ 40 milhões dentro do lucro, do custo da obra.


Os outros lados

Em nota, o Instituto Lula informou que o ex-presidente nunca pediu valor indevido à Odebrecht nem “a qualquer outra pessoa”. “Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como ‘Amigo’”, diz.

 

O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, vem afirmando que o ex-ministro é inocente e que jamais intercedeu em favor da Odebrecht, mas cumpria seu papel. O apelido “Italiano”, segundo ele, não se refere a Palocci, mas “é um apelido em busca de um personagem”.


Mantega e Paulo Bernardo tem negado irregularidades. (das agências)

 

SAIBA MAIS


O empresário afirmou que conseguiu reduzir o valor da propina paga a pedido de Lula, para US$ 36 milhões, descontando os custos de operação dos repasses. "Eu fui a Palocci e falei assim. Palocci, olha o Paulo Bernardo me pediu US$ 40 milhões, tem um custo de geração desses US$ 40 milhões, porque eu vou receber através de exportação de bens e serviços, vou ter que mandar para cá, tem um custo de geração de 10%. E aí consegui reduzir com Palocci esse valor de US$ 40 milhões para UU$ 36 milhões, que convertido ao câmbio da época, deu R$ 64 milhões."


Segundo Odebrecht, o episódio de cobrança de propinas em contrapartida para a linha de crédito em Angola e o pedido feito por Mantega, de repasse de R$ 50 milhões para a campanha 2010, pela medida provisória do Refis, são os dois únicos casos específicos que ele considera "propina".

 

Adriano Nogueira

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