Doria, por enquanto, é o principal beneficiado dla hecatombe política
Depois dele, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e até Jair Bolsonaro (PSC) podem se fortalecer para uma eventual disputa se permanecerem fora do extenso grupo de implicados na Odebrecht. A vantagem de Doria é que as revelações feitas pelos executivos da Odebrecht e a amplitude da lista de implicados podem reforçar nos eleitores uma forte reação aos chamados políticos tradicionais, alvo do discurso e do marketing pessoal do prefeito paulistano.
“Está mais fácil pensar 2022 do que 2018”, ironiza Marco Antônio Teixeira, professor de Ciência Política da FGV-SP. “Tudo indica que a força da gravidade vai levar o Doria às eleições.”
“A semana passada destruiu a respeitabilidade ou o pouco que restava dela de todo o mundo político”, resumiu o historiador Lincoln Secco. “O PT, embora atingido pelas delações, tem o principal candidato, que ninguém sabe se vai poder concorrer”, afirmou.
As chances de Ciro dependeriam de Lula. Caso o petista viabilize sua quinta candidatura a presidente, Ciro terá de disputar com ele o voto do campo da centro-esquerda e da Região Nordeste, onde ambos têm força. “Ele justamente tem tentado se colocar como uma volta do lulismo sem o Lula, principalmente na questão regional”, diz o cientista político da Unicamp Jean Tible.
Sobre Marina Silva, Carlos Melo, do Insper, diz que ela perdeu capital político após o terceiro lugar nas eleições de 2014. Na avaliação de Tible, contudo, ela pode ainda surpreender. Mesmo Marina não aparecendo tanto, ela tem o
que ele chama de “recall alto” e sempre arremata bom número de votos.
Adriano Nogueira