PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Cientistas políticos debatem crise e as eleições de 2016 e 2018

2017-04-27 01:30:00
NULL
NULL
[FOTO1]

O cenário de crise política e econômica e as eleições de 2016 e de 2018 foram os temas discutidos por cientistas políticos e estudiosos durante a manhã e a tarde de ontem, no auditório do curso de ciências sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC). Os especialistas dividem-se sobre a capacidade do atual governo de Michel Temer (PMDB) de tirar o País da instabilidade e são pessimistas quanto à possibilidade de renovação do Congresso Nacional a partir do pleito do próximo ano.


A professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Monalisa Soares, destacou caráter impopular das reformas propostas por Temer e disse duvidar da capacidade delas de trazer melhorias, tanto econômicas quanto políticas. A tese foi rebatida pelo professor da UFC, Valmir Lopes, que acredita que a economia “tende a melhorar”, a partir da manutenção da governabilidade, e culpa a Lava Jato pela instabilidade.


“A classe política está numa situação vexatória, completamente desacreditada, e ela não tem como ser excluída imediatamente das eleições, até pelo ritmo da própria investigação, ela vai se candidatar e adquirir um novo mandato num quadro de descredibilidade muito grande”, analisa.


Para ele, o essencial agora é pensar em alternativas para o financiamento das eleições. “As campanhas e os políticos ficaram viciados em dinheiro. Temos que mudar essa legislação eleitoral. Numa campanha nacional, o modelo adotado no ano passado se sustenta?”, questionou.


O pleito para a presidência da República também entrou em pauta. Para os analistas políticos, é difícil apontar uma liderança capaz de unificar o País até o momento. Os nomes do ex-presidente Lula (PT), da ex-senadora Marina Silva (Rede), do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e de Temer foram lembrados.


O professor da UFC, Jawdat Abu El-haj, acredita que o atual presidente não está tentando aprovar tantas reformas “de graça”. Para ele, “o Temer não queria assumir um governo assim transitório, ele estava pensando em ser candidato, em ter o poder”, arriscou.


Governo do Estado

O primeiro debate do dia, porém, foi sobre o pleito municipal do ano passado, sobretudo das campanhas de Fortaleza e Sobral, comandadas pelo grupo dos irmãos Ferreira Gomes.

 

A disputa, de acordo com a professora da UFC e pesquisadora do Lepem, Rejane Vasconcelos, já antecipa o cenário do próximo ano, embora “seja muito difícil ter já agora uma visão antecipada de quem serão os candidatos, porque há uma disputa interna dentro dos grupos”.

Ela aponta o deputado Capitão Wagner (PR), que disputou o segundo turno no ano passado com o prefeito Roberto Cláudio (PDT), como um nome possível na disputa pelo Governo. A pesquisadora descarta, no entanto, o presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB). “A operação Lava Jato já não torna tão certa a candidatura dele”, afirmou. O evento foi organizado pelo Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem), da UFC.

 

Saiba mais


Debatedores

Participaram do evento os professores Rejane Vasconcelos de Carvalho (UFC), Cleyton Monte (FAC), Raulino Chaves (Urca), Monalisa Torres (doutoranda/UFC), Paula Vieira (Fametro), Monalisa Soares (Uece), Valmir Lopes (UFC), integrante do Conselho de Leitores do O POVO, Jawdat Abu El-haj (UFC), Pedro Gustavo (UFPE) e Estevão Arcanjo (UFC).

Novo debate

Diante de discordâncias sobre a possibilidade do governo de Temer de tirar o País da Crise, os especialistas marcaram informalmente um novo debate no próximo ano para tirar a limpo.

 

Letícia Alves

TAGS