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Apesar de críticas do pai, Renan Filho segue aliado de Temer

2017-04-10 01:30:00
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Enquanto o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ganhava o noticiário na semana passada ao elevar o tom das críticas contra o governo Michel Temer, o governador de Alagoas, Renan Filho, primogênito do cacique peemedebista, viajava a Brasília e tentava evitar que a crise envolvendo seu pai respingue nos repasses federais ao seu Estado.

 

A mudança de postura do líder do PMDB em relação a Temer, ao menos até agora, não ganhou adesão da família. Em Maceió, Renan Filho tenta fugir das polêmicas do pai e manter a boa relação com o governo, além de focar nas articulações para a sua reeleição.


“O governo do Estado não pode prescindir de investimentos do governo federal. Por que eu deveria abrir mão de duplicar estradas, receber o Minha Casa, Minha Vida? Só pelo fato de o senador expressar pontos de vista?”, questionou. “Aqui (em Alagoas) não há rompimento. Um rompimento definitivo no mesmo partido não é coisa trivial”.


Para opositores, a versão do senador distante do filho é mera jogada de marketing. Já para aliados, a atuação em campos distintos é uma estratégia do clã. A relação entre os dois é descrita como fria por políticos próximos e, segundo eles, o próprio senador incentiva o filho a trilhar carreira independente. O governador afirma que as duas versões estão corretas.


Nos primeiros anos de governo, Renan Filho levou adiante um ajuste fiscal, nomeou técnicos de fora do Estado e enfrentou a ira de amigos do pai. A conta veio nas eleições do ano passado, quando o PMDB fez 38 das 102 prefeituras alagoanas, mas perdeu para o PSDB em Maceió e Arapiraca, as duas maiores cidades. No Estado, é criticado por ser avesso às articulações de bastidores, característica que é uma das marcas do pai.


Renan “youtuber”

Em cargos públicos desde 1979, ano do nascimento do primeiro dos três filhos com Maria Verônica, o senador, experiente na prática da articulação política, adotou um modelo diferente de enfrentamento ao disparar vídeos com críticas a Temer, velho adversário dentro do PMDB.

 

A versão “youtuber” é vista no partido como uma estratégia para atrair o eleitorado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no sertão e no agreste e, assim, assegurar parte do poder que acumulou nos tempos de presidente do Senado, ministro da Justiça e figura influente nas conversas entre Congresso e grupos econômicos do Nordeste e do Sudeste. O PT de Lula, porém, rompeu com Renan Filho.


Enquanto isso, Renan Filho tem o cuidado de demonstrar fidelidade ao pai. Cita em detalhes cada trecho dos processos enfrentados pelo senador para desconstruir as acusações, incluindo as relacionadas ao caso extraconjugal do pai com a jornalista Mônica Veloso, que custou mágoas em casa. (Agência Estado)

 

Adriano Nogueira

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