A única decisão aceitável é a correta, diz Guálter George
Guálter George, editor-executivo de Conjuntura
É patético o apelo de gente do porte do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que a justiça eleitoral brasileira compreenda o momento grave e encontre uma saída que mantenha Michel Temer à frente do comando do País. Patético porque embute uma ideia de impunidade que não se coaduna com a realidade que vivemos, que pede a responsabilização dos que tiverem errado, independente da posição que ocupem. Até se pode dizer, inclusive, que quanto maior o cargo mais exemplarmente é necessário que a condenação venha. Se Temer errou, sem dúvida, precisa ser punido.
A única coisa que se deve cobrar dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), diante da missão histórica que lhes está entregue pela circunstância, é que saibam se portar como magistrados. No caso, o que representará capacidade plena de decidir com base no que indicarem a investigação e as provas colhidas, sem deixar que qualquer interesse outro influa na decisão a ser tomada em nome do que espera uma sociedade aflita.
O medo do caos institucional, por real que seja, não pode ser apontado como justificativa para qualquer retrocesso na caminhada importante que o Brasil começou, há alguns anos, por uma ordem nova na política. Nela, não podem caber privilegiados e nem intocáveis.
Adriano Nogueira