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A origem pode fazer a diferença

2017-04-15 01:30:00

Guálter George, editor- executivo de Conjuntura


É mais um aspecto importante da Lava Jato o que ela, desmembrando-se, tem possibilitado de abertura de frentes novas de investigação sobre irregularidades em obras públicas verificadas pelo País afora. No âmbito cearense, até o momento, já são dois os casos colocados sob suspeita a partir de uma indicação dos próprios envolvidos, o que dá uma vantagem de partida àqueles que ficarem responsáveis por conduzir o processo a partir de quando as petições do ministro Edson Fachin, do STF, chegarem ao núcleo local da Justiça Federal. A denúncia mostra-se forte porque, além do conteúdo bombástico, mesmo que ainda passível de uma confirmação, não guarda qualquer relação direta com a briga pelo poder estadual ou municipal, não atrela-se a campanhas eleitorais, enfim, surge descontaminada daqueles interesses que terminam, de alguma forma, afetando a própria investigação. A origem pura, no sentido do distanciamento que apresenta dos objetivos políticos, surge como uma chance para que se avance de uma maneira que até hoje pareceu difícil, até impossível, devido aos limites naturais de brigas em que o interesse determinante não é o da sociedade, mas de um grupo ou de um partido. Ministério Público e magistrados responsáveis pelas ações a serem abertas no Estado para apuração da suspeita de cartel nas licitações do Castelão e do Transfor estão livres para fazer tudo longe das conveniências dos políticos, até legítimas em algumas situações, o que pode fazer a diferença no resultado final alcançado. É só ver como a coisa está andando célere e eficiente no Rio de Janeiro, sem, claro, querer traçar qualquer comparativo. Convenhamos, seria injusto com os nossos representantes.

 

Adriano Nogueira

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