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A batalha de Temer

2017-03-23 01:30:00

Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura

 

Michel Temer (PMDB) estava numa encruzilhada: mantido o texto integral da reforma da Previdência, corria sério risco de não aprová-lo. Ora, o PL é peça fundamental na arquitetura de recuperação econômica. Sem alterar regras de aposentadoria, por exemplo, o teto de gastos resultaria manco. Um fracasso nessa queda de braço também seria mal avaliado pelo mercado, que interpretaria a derrota como sinal de fragilidade. Para Temer, então, a Previdência é um cavalo de batalha. Daí as intensas negociações em torno de itens da reforma até então inegociáveis, como é o caso da idade mínima. O outro lado do dilema do peemedebista é o seguinte: excluídos servidores estaduais e municipais, o Planalto joga para os demais entes federativos a conta do desgaste de mexer num vespeiro às vésperas das eleições de 2018. Perito em costuras políticas, Temer talvez tenha pisado em falso. Ele sabe que vereadores e deputados não farão qualquer mudança na Previdência neste ano, o que deve onerar ainda mais os governos, às voltas com uma grave crise fiscal. A consequência natural disso pode ser uma investida de governadores sobre as bancadas federais para que dificultem a aprovação da reforma. Num caso como no outro, aprovar a reforma será de longe a maior batalha que Temer irá enfrentar.

Adriano Nogueira

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