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O PT precisa reaprender a fazer política

2017-02-03 01:30:00

Guálter George,

editor-executivo de Conjuntura

Desde quando se viu lançado numa crise sem precedentes, o PT há demonstrado pouca capacidade de fazer política. No máximo tem apresentado, através de exemplos isolados e cada vez mais raros, alguma competência para estabelecer alianças eleitorais e com elas amealhar vitórias que, na essência, demostram-se de pirro, quase inúteis. Uma perda de capacidade reafirmada na recém-encerrada disputa pelo comando do Congresso e com as vitórias de Rodrigo Maia, na Câmara, e Eunício Oliveira, no Senado. A opção deveria ter sido por marcar uma posição clara de sentir a temperatura da militância, ouvi-la, como era comum fazer no passado. Fez-se o caminho contrário, porém, com a opção da busca por acertos internos de olho apenas nos cargos disponíveis nas duas Casas, com ganhos de profundidade política nenhuma. Perdida a chance de refundação, que chegou a ser sugerida lá atrás, em meio ainda ao escândalo do mensalão, o mínimo que parlamentares e dirigentes petistas deveriam fazer, agora, seria sentir mais o clamor dos que brigam por um ideal que ainda consideram existir, apesar da sequência de escândalos inacreditáveis da era PT, encerrada por um processo de impeachment com sequelas importantes e que também deveria ter deixado lições. A principal delas é que fazer cálculo eleitoral o tempo todo, em disputas gerais ou internas, leva àquilo que o partido experimenta nos difíceis dias atuais, como resultado de um pragmatismo, muitas vezes, exacerbado.

Adriano Nogueira

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