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Núcleo duro se desfaz e Temer fica isolado

2017-02-25 01:30:00
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Ao passo em que a Operação Lava Jato se aproxima do centro do governo, Michel Temer (PMDB) perde conselheiros próximos e fiéis, como Romero Jucá, Geddel Vieira Lima e José Yunes. Agora, o braço direito do presidente, Eliseu Padilha, que se licenciou do cargo de ministro da Casa Civil, volta ao olho do furação, após ter sido acusado de receber propina mediante ajuda de Yunes.

[SAIBAMAIS]

Foi o próprio Yunes, amigo de Temer e ex-assessor especial do presidente, quem depôs ao Ministério Público contra Padilha. Em entrevista à Veja, ele afirmou que o ministro deixou envelope, possivelmente com dinheiro, no escritório dele, Yunes, em 2014, às vésperas da reeleição da chapa de Dilma Rousseff e Temer.


O homem que entregou a encomenda foi Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha e doleiro, atualmente preso em Curitiba. Ainda segundo Yunes, Temer estava a par do fato de que ele havia servido de “mula” na transação. Mesmo afastado, Padilha terá de dar explicações.


Mais uma vez, a Lava Jato compromete a estabilidade do governo Temer ao atingir peças-chave do Planalto. Em momento delicado no qual precisa de força para aprovar reformas, ele sofre ainda retaliação do PMDB de Minas Gerais, que se ressente de pouco espaço no governo. Entre os mais próximos, restou apenas Moreira Franco na Secretaria-Geral, que já teve 34 citações em delações da Odebrecht.


O cientista político da UnB, David Fleischer, alerta que esse é só o começo da tempestade política. “Nos 77 depoimentos da Odebrecht, vão rolar muito mais acusações. Outros políticos serão dedurados e isso vai rolar em março. Estamos vendo o trailer (do filme)”, afirma o especialista.


Yunes disse que conversou pessoalmente com Temer na quinta-feira, 23, sobre o depoimento ao MP. Ele queria apresentar sua versão dos fatos sobre a delação premiada de Claudio Mello Filho, ex-diretor da Odebrecht, que disse que ele teria recebido dinheiro vivo em seu escritório de advocacia, em São Paulo. Yunes diz que Temer não demonstrou preocupação com o fato e lhe disse que “o melhor é sempre contar a verdade”.

 

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Base

Para Danilo Forte (PSB), Temer tem contornado essas crises com velocidade, mas admite que elas causam mal-estar. Ele avalia que o mais importante é não deixar que as investigações interfiram no Congresso e na capacidade de votar reformas com rapidez. “Uma crise institucional seria ruim para todo o País”, aponta.

 

Oposição

O deputado Chico Alencar (Psol) diz que as constantes crises são um mau sinal para o governo, que está cada vez mais impopular. “Isso não vai acabar bem. Esse governo tem um defeito congênito. Ele já nasceu com um gravíssimo problema de saúde ética e politica por ser um governo liderado pelo PMDB”, afirma.

 

Isabel Filgueiras

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