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Os gestos de Lula

2017-01-17 01:30:00

Henrique Araújo,

editor-adjunto de Conjuntura


Das pautas de interesse do PT neste momento, talvez a última com que a sigla deveria se preocupar é com 2018. Por algumas razões. Primeiro, a Operação Lava Jato continua atuante - menos do que se supunha antes, mas ainda viva. Basta lembrar o estrago que a investigação produziu semana passada ao mirar no ex-ministro Geddel Vieira Lima, homem de confiança de Temer. Ex-titular da Secretaria de Governo, Geddel é acusado de praticar malfeitos ao lado de Eduardo Cunha. Disso deriva razão ainda mais urgente: o cenário das próximas eleições nunca foi tão nebuloso, seja porque os principais personagens podem não ter condições de participar da disputa, seja porque, mesmo habilitados, enfrentarão grande desgaste. Some-se a isso fato mais grave: inúmeras figuras do PT, e não apenas Lula, têm explicações a dar sobre as suspeitas que pairam sobre a legenda. Não à toa, setores da agremiação defendem uma refundação do partido e a criação de uma espécie de tribunal para julgar eventuais delitos cometidos por seus filiados. Em tese, seria o passo inicial para sanear os estragos que mensalão e petrolão causaram à imagem petista. A depender da reação de dirigentes e da retórica sebastianista de Lula, a estratégia escolhida será outra. Nesse sentido, talvez seja curioso interpretar os gestos do ex-presidente não como uma prévia das próximas eleições, mas como parte de seu discurso de defesa na Lava Jato. Afinal, a batalha que trava contra o juiz Sérgio Moro se dá em muitas frentes. Entre elas, a da opinião pública. É exatamente aí que Lula pretende começar a virar o jogo.

Adriano Nogueira

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