Logo O POVO+
Jean Wyllys cita ameaças e abre mão de assumir 3º mandato
Politica

Jean Wyllys cita ameaças e abre mão de assumir 3º mandato

| CÂMARA | Primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a bandeira LGBT no Congresso Federal, Wyllys relatou temer pela vida
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
JEAN WYLLYS confirmou que desistirá de mandato pelo Twitter (Foto: José Cruz/ Agência Brasil)
Foto: José Cruz/ Agência Brasil JEAN WYLLYS confirmou que desistirá de mandato pelo Twitter

O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) anunciou ontem que desistiu de assumir seu terceiro mandato na Câmara e disse que tomou a decisão por sofrer ameaças e temer por sua vida. Jean Wyllys foi reeleito em outubro com 24.295 votos.

A informação foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo e, na sequência, o parlamentar confirmou a decisão em sua conta no Twitter. "Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores", escreveu o deputado do Psol, que conta com escolta policial e deverá deixar o País.

Jean Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a causa LGBT no Congresso Nacional.

A renúncia ainda não foi oficializada. Quando confirmada, a vaga será ocupada por David Miranda, também do Psol.

Também no Twitter, o deputado federal deu destaque a um post de abril de 2018 com um vídeo no qual mostra ameaças de morte a ele pelas redes sociais, além de acusações de pedofilia e pornografia infantil. O vídeo também associa a vereadora carioca assassinada Marielle Franco, do mesmo partido de Jean Wyllys, como personalidade política que também sofreu ameaças de morte.

Colegas do deputado do Psol lamentaram a sua decisão nas redes sociais. "A decisão de deixar o Brasil é sintoma deste tempo sombrio em que o ódio tomou a política", escreveu o deputado eleito e candidato à presidência da Câmara, Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

O líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva, disse que a Casa perdeu um parlamentar "qualificado e batalhador".

Jean Wyllys e o presidente Jair Bolsonaro eram rivais declarados na Câmara dos Deputados e chegaram a protagonizar embates polêmicos na Casa. Em abril de 2016, durante a análise do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o parlamentar do Psol cuspiu em Bolsonaro.

O Conselho de Ética abriu um processo para apurar o caso. Ontem, logo após a divulgação da desistência do deputado, Bolsonaro publicou a mensagem "grande dia" em seu Twitter. Seu filho o vereador Carlos Bolsonaro publicou minutos depois: "Vá com Deus e seja feliz!".

Freixo atacou o presidente na rede social: "Que tal você começar a se comportar como presidente da República e parar de agir como um moleque? Tenha postura". Na sequência, Bolsonaro negou que a mensagem tinha relação com Jean Wyllys. "Fake News! Referi-me à missão concluída, reuniões produtivas com Chefes de Estado, voltando ao país que amo, Bolsa batendo novo recorde na casa dos 97.000 e confiança no nosso país sendo restabelecida, isso faz de hoje um grande dia", escreveu.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também lamentou ontem a decisão tomada por Jean Wyllys. "Como presidente da Casa, e seu colega na Câmara, mesmo estando em posições divergentes no campo da ideias, reconheço a importância do seu mandato. Nenhum parlamentar pode se sentir ameaçado, ninguém pode ameaçar um deputado federal e sentir-se impune." (Agência Estado)

O que você achou desse conteúdo?