Logo O POVO+
A vida que liga o Ceará à Rússia
Paginas-Azuis

A vida que liga o Ceará à Rússia

| FUTEBOL | Atacante cearense com carreira construída na Europa toma a si próprio como exemplo e cria projeto para exportar atletas para o velho continente. Naturalizado russo pelos oitos anos de futebol em Moscou, Ari também fala sobre o país anfitrião da Copa do Mundo
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? A pergunta feita pela banda mineira Skank, em música gravada em 1997, ano de véspera da Copa do Mundo pós tetracampeonato, até hoje embala eventos e programas esportivos. Mas o assunto aqui é o sonho de viver da bola. Mais do que isso: o sonho de vencer pelo futebol. Foi com o claro objetivo na cabeça que Ariclenes da Silva Ferreira, o Ari, há 13 anos, deixou a reserva do Fortaleza Esporte Clube, então na primeira divisão do futebol brasileiro, para se aventurar na Europa.


Foram duas temporadas na Suécia, três na Holanda e agora caminha para a nona na Rússia. Lá faz sucesso. Defende o terceiro clube da capital (jogou pelo Spartak, pertence ao Krasnodar e está emprestado ao Lokomotiv) e do ano passado para cá faturou os troféus da Copa da Rússia e do Campeonato Russo. Tem também dois títulos na Holanda (Copa da Holanda e Campeonato Holandês) e um Campeonato Cearense (2005) na conta.


Aos 32 anos, solteiro e pai de três filhos (Kauã, de 15 anos, Kailany, de 13 anos e Ariane, de 3 anos), Ari tem conseguido dar ótimo padrão de vida para família que o criou e a que segue construindo, com muita mais conforto do que teve. Dono de um bom patrimônio, como ele mesmo define, arrendou o Uniclinic para dar oportunidade a outros garotos com história de vida semelhante a dele (que vendia frutas com a mãe quando criança), sem deixar de enxergar a atividade como um negócio.


Brasileiro de nascimento e russo por naturalização, Ari se divide entre os dois países e por pouco não vai à Copa defender os anfitriões. Em conversa com O POVO ele fala sobre o Mundial que se aproxima, carreira, vida e do investimento em futebol que faz hoje em Fortaleza.


O POVO – Você joga na Rússia há oito anos. O que pode falar desse país?


Ari - Antes de ir para a Rússia, eu já tinha ouvido falar que era um lugar muito frio, tinha muitos casos de racismo e que o futebol era totalmente diferente. Chegando lá eu peguei19ºC negativos, mas consegui me adaptar rápido, sofri com racismo em clássicos Dínamo contra Spartak (jogando pelo Spartak), vi outros caras como Roberto Carlos, Hulk e Eto’o que viverama mesma situação, mas com o passar do tempo a situação foi melhorando. O futebol, de um modo geral, é muito parecido com o jogado por aqui, sendo que lá se usa mais força e velocidade, aqui é mais técnica. E o povo é muito frio. Se você pedir uma informação, dificilmente eles vão ter a paciência que temos aqui de explicar ou até levar a pessoa no local. Nesses oito anos de Rússia, porém, já posso dizer que é a minha segunda casa. Tenho uma filha lá, tô bem adaptado e os torcedores dos times pelos quais eu passei até hoje me tratam com muito carinho na rua, principalmente os do Spartak, que é a maior torcida. Posso afirmar que quem for assistir a Copa vai gostar muito de Moscou, cidade bonita, com várias opções e pontos turísticos. A Rússia vai receber bem os turistas e quem for pra lá vai gostar muito.


O POVO – Que diferença você pode citar da Rússia para o Brasil?


Ari – Lá é um país rico, você não vê tantas situações como aqui (de miséria, pobreza), talvez veja em cidades menores, mas em Moscou não há ninguém dormindo em rua, não se vê tanta gente passando dificuldades, o salário mínimo é totalmente diferente do daqui (em torno de R$ 2,5 mil), mas o custo de vida no geral é muito alto. Mesmo assim as pessoas conseguem viver bem com aquele salário.


O POVO – Isso significa que é um país mais seguro que o nosso?


Ari – É muito parecido com toda a Europa, então tem muita disciplina, muita segurança de um modo geral.


O POVO – Você disse que sofreu com racismo e que hoje os torcedores tem carinho por você. Para um negro que não tem uma profissão de exposição como a sua, é mais difícil conviver com o racismo?


Ari - Não vi mais ninguém passando por essa situação. O país está abrindo a cabeça, o povo está abrindo a cabeça. É um país que está se atualizando e creio que daqui pra frente só tem a melhorar. Na época (que cheguei lá) era super normal (comportamento racista), já tinham acontecido algumas situações nos clubes. No decorrer do tempo, nesses últimos anos, de um modo geral, você não vê mais as torcidas fazendo gestos como imitando macacos. Melhorou muito.


O POVO – Como está a expectativa na Rússia para a Copa do Mundo?


Ari – Para ser bem sincero, como eu falei, eles são muito frios e isso faz com que eles não tenham toda essa alegria, essa motivação por estar sendo a sede da Copa. Vejo que eles deixam muito para comemorar na hora, no estádio. Eles não são de ficar pintando casas e ruas. Os russos são muito frios, só começam a ficar um pouco mais animados quando bebem, daí se soltam. Isso vai ser visto no estádio. O povo russo trabalha muito. Moscou é uma cidade muito parecida com São Paulo, muito trânsito, as pessoas quase não tem tempo de ficar em casa, com a família. Eu mesmo quando tenho folga, para me deslocar para o centro, perco muito tempo no trânsito e acho que isso dificulta um pouco para os russos interagirem mais.


O POVO – Como foi a preparação da cidade para a Copa?


Ari – Eu voltei de lá faz pouco tempo para as férias e pelo que vi o país estava preparada. Alguns detalhes ainda estavam reformando, mas os estádios estão todos prontos. Acho que a Rússia se preparou bem antes. Eu acho que teve um ou dois casos de algumas cidades menores que deixaram para finalizar os estádios agora, mas era pouca coisa, eu creio que já está tudo ok, tudo pronto e agora é só esperar os convidados chegarem e aproveitar bem a Copa.


O POVO – Você viveu expectativa de ser convocado para a Copa do Mundo pela seleção russa e isso não aconteceu. Qual foi sua sensação ao saber que não realizaria esse sonho?


Ari – Eu não fiquei surpreso até porque dependeria muito do passaporte e ele não está pronto ainda, vai demorar algumas semanas. Talvez com o passaporte eu teria uma grande possibilidade de ser chamado. Fiquei triste porque estava vivendo essa expectativa, já tinha sido convidado pelo Fábio Capello (, italiano e ex-técnico da seleção russa) e é um sonho de criança jogar Copa do Mundo, independente de por qual país. Quando eu soube que não ia dar tempo de receber o passaporte eu fiquei muito triste.

Por outro lado, acabei de conquistar um título muito importante na minha carreira. Eu já estava há oito anos sem conquistar um título.

Tinha sido vice da Copa da Rússia, vice do Campeonato Russo, sempre batendo ali na trave e em tão pouco tempo no Lokomotiv (um ano e meio) consegui dois títulos importantes.


O POVO – Você acredita que pode jogar a próxima Copa do Mundo, com 36 anos?


Ari – Não vou botar na cabeça uma expectativa de jogar essa próxima Copa, mas é claro que isso vai depender muito do meu condicionamento físico, como vou estar daqui a quatro anos, mas agora o foco é nos meus treinos, voltar bem, me apresentar no Krasnodar, que tenho contrato mais um ano, ou no próprio Lokomotiv, se conseguir renovar o contrato lá, mas agora quero curtir as férias os amigos e pensar nisso só mais lá para frente.


O POVO – Então você vai acompanhar a Copa do Mundo daqui mesmo?


Ari – Na verdade a gente volta. Os jogadores ficam de férias até o dia 15 de junho, depois vamos para a pré-temporada, normalmente na Áustria ou em Dubai. Nesse período a gente vai ficar acompanhando a Copa do Mundo também.


O POVO – Você tem dupla nacionalidade e poderia jogar a Copa pela Rússia ou pelo Brasil. Você acha que sua possibilidade de convocação para a seleção brasileira é pequeno porque você joga numa liga não tão popular da Europa?


Ari – Jogadores brasileiros estão por aí em todos os países e muitos têm muita qualidade. O próprio Hulk já jogou pela seleção (na época da convocação jogava no Zenit, da Rússia) e agora está na China.

Essa dificuldade da seleção brasileira em observar esses países (de ligas menos populares na Europa) acaba atrapalhando um pouco até mesmo para os jogadores que saem muito jovens, que é o meu caso.

Eles não acompanham todos os jogadores. E também tem a questão do treinador ter trabalhado com determinados atletas, querer chamar quem é da confiança dele. Acaba atrapalhando o sonho de um jogador que joga no campeonato russo, chinês, holandês, sueco, que não tem a oportunidade de ser observado. Eu acho que a seleção brasileira peca um pouco nisso aí. Mas acho que ela está em boas mãos e espero que consiga ser campeã.


O POVO – Na sua opinião, a seleção brasileira é favorita para o título da Copa do Mundo?


Ari – Não acho que o Brasil é favorito único na Copa do Mundo.

Venho acompanhando as outras seleções, como Espanha, Alemanha, até a própria Bélgica que estão tendo um crescimento grande nos últimos anos. A Bélgica tem uma equipe muito forte, a Espanha jogadores que vem jogando junto há muitos anos, Alemanha o mesmo caso, mas com o crescimento que o Brasil teve depois que Tite assumiu, com certeza chega como uma das favoritas e vai ser uma briga muito boa.


O POVO – E sobre a seleção da Rússia, o que você diz?


Ari – Acho que não só eu, mas todo o povo russo sabe que é uma seleção que vem crescendo, porém ainda precisa melhorar muito. Se conseguir passar da fase de grupos está de bom tamanho. Eles sabem da dificuldade que vão ter, do potencial que a seleção deles têm e da qualidade dos jogadores convocados. Acho que não vai tão longe, mas pode surpreender.


O POVO – O Ari é mais russo ou brasileiro?


Ari – Brasileiro sempre, mas já estou há oito anos na Rússia. Mais da metade da minha carreira foi construída lá. Posso dizer que lá é minha segunda casa, mas aqui é Brasil sempre.


O POVO – Você construiu sua carreira toda na Europa. Indica o mesmo para jogadores que estão começando no futebol?


Ari – Esse é um assunto que venho tentando “quebrar” no Ceará, porque tenho um projeto de dar oportunidade para muitos jogadores daqui, de revelar atletas e levar para a Europa, porque os times daqui não dão tanta oportunidade. Eu lembro que quando fui pro Fortaleza o time estava na primeira divisão eu não tinha tanta oportunidade e os garotos precisam disso, principalmente aqueles que tem muita qualidade. O que eu posso falar para os garotos é que não percam o foco. Desde cedo tem que ser profissional. Hoje, redes sociais e internet prejudicam muito os atletas. Eu mesmo com 32 anos às vezes me pego perdendo o foco. Festas também prejudicam muito a carreira. Tem que procurar sempre dar o máximo nos treinos, nos jogos, não desistir dos sonhos. Depois que eu fui pra Europa eu vi que era totalmente diferente a cultura, o futebol, então digo para os garotos se preocuparem muito em se cuidar, treinar, se preparar pra sair novo para a Europa. Tem que sair novo sim! Eu construí minha carreira toda lá, mas são poucos que conseguem chegar, se adaptar e se firmar. Meu objetivo aqui é formar esses atletas jovens que cheguem lá e não voltem, mas consigam realizar os sonhos deles.


O POVO – Como surgiu a ideia de abrir o seu projeto?


Ari – Eu tenho uma coisa comigo de ajudar a minha comunidade, de onde eu vim, onde eu fui criado, que é o Conjunto Vicente Pinzón. E lá eu tenho uma comemoração há cinco anos que é o Natal sem Fome. Todo ano a gente arrecada leite, brinquedos e distribui para as pessoas mais carentes, jovens que às vezes não tem o que comer ou nunca ganharam presentes porque os pais não têm condições. Foi daí que eu tive a ideia de abrir minha empresa, que é um projeto para ajudar esses moleques. Em seguida eu tive a oportunidade de assumir a base do Horizonte e decidi passar por essa experiência, que foi muito boa, mas infelizmente não conseguimos manter essa parceria porque o nosso objetivo era ter o profissional todo oriundo do Sub20 e isso não aconteceu. Aí eu fiz essa outra parceria com o Uniclinic, com opção de compra, porque aí eu já estava ciente que eu poderia fazer um trabalho diferenciado. Nosso primeiro ano foi excelente, conseguimos fazer um grande Campeonato Cearense, ficamos em terceiro na competição, vamos disputar a Série D do Campeonato Brasileiro e talvez jogar a Copa do Brasil, caso o Ceará seja campeão da Copa do Nordeste. Então é um projeto que vem progredindo. Estamos agora com Sub-20, Sub-17, Sub-15, vamos ter agora Sub-13 e vamos abrir a escolinhas. A ideia é dar oportunidade.


O POVO – Você disse que queria montar o time todo do Sub-20, mas o Uniclinic esse ano foi todo montado por profissionais. Em quanto tempo você imagina que o time vai ser constituído apenas por atletas formados pelo seu projeto?


Ari – Nosso objetivo era permanecer na primeira divisão, chegar entre os primeiros e conseguir vaga na Série D do Brasileiro, por isso tivemos que contratar alguns jogadores jovens, mas de fora. E pra gente ter um time da base no profissional é um pouco demorado, mas já contratamos grandes profissionais, como é o caso do Luan Carlos e outros que têm experiência a nos ajudar formar os atletas.

Eu creio que em dois anos possamos ter no profissional diversos jogadores da base, mas já pro próximo ano queremos ter pelo menos dez no grupo, mesmo que jogue uma ou duas ou três partidas. Tudo vai depender da qualidade dos jogadores. Sabemos que não vai ser da noite pro dia que vamos formá-los. Estamos bem tranquilos, vamos passo a passo.


O POVO – Você já tinha revelado ao O POVO em entrevista anterior que gostaria de fazer um caminho do Uniclinic para a Europa. Já tem previsão e quando isso começa a funcionar?


Ari – Nós estamos agora com possibilidade de levar dois jogadores para a Suécia, caso do Iury de Oliveira, de 25 anos, e do Geilson Sousa, de 17 anos. Também estamos conversando com muitos clubes da Europa para conseguir fazer parcerias. A ideia é ser um canal, uma forma mais rápida de levar esses jogadores pra Europa e acho que estamos no caminho certo.


O POVO – A ideia é que a Arigool, sua empresa, cuide da carreira desses jogadores?


Ari – Sim.


O POVO – Quanto você investe no Uniclinic?


Ari – Agora estamos com a base, mas no profissional a gente investiu muito alto. Não quero falar em valores, até por uma questão de segurança, mas eu praticamente coloco meu salário todo ali dentro. Estou apostando minhas fichas nesse projeto. Já conseguimos mudar muita coisa (Centro de Treinamento do Uniclinic), reformar os alojamentos, reformar todos os campos, foi mudado muita coisa. Queremos fazer mais ainda, derrubar aquela arquibancada toda e daqui a uns dois anos colocar uma nova, comprar as casas ali atrás, fazer novos alojamentos, colocar mais atletas lá. Por enquanto estou sozinho no projeto, depois que conseguir as parcerias, colocar jogadores na Europa, tenho certeza que vamos conseguir melhorar mais ainda.


O POVO – Você defende a tese que o jogador tem que sair daqui cedo. Que avaliação você faz do futebol brasileiro hoje?


Ari – Eu disse isso pelo fato de aqui não ter tanta oportunidade, de ser muito competitivo entre nós jogadores. Você vê que, principalmente num estado como o Ceará, jogadores que vem desses times pequenos fazem contratos de três ou quatro meses, depois disso tem que ir para outros clubes por não ter uma coisa fixa. Isso dificulta muito a carreira do atleta, até mesmo para você ter uma sequência de trabalho, um profissional que te ajude a melhorar.

Os times daqui tem que investir muito na base, tem que dar sim oportunidade para os jogadores da casa e tenho certeza que fazendo esse trabalho eles vão chegar ao profissional e corresponder. A consequência disso é fazer um time barato e jovem. Para os atletas, a consequência é eles poderem escolher entre ficar (por aqui) ou não, porque quando você se destaca as oportunidades aparecem.


O POVO – Qual a maior dificuldade de um brasileiro que vai tentar a vida jogando futebol lá fora?


Ari – No meu caso foi só a língua. Com o frio eu consegui me adaptar muito bem. Tem um ditado que fala que o brasileiro nunca desiste.

Isso é uma coisa positiva que nós brasileiros temos, de superar dificuldades. Claro que nem todos conseguem, já vi casos de jogadores que chegaram lá, encontraram algumas dificuldades e talvez por já ter uma bagagem aqui no Brasil, portas abertas em grande clubes, pensam em voltar, mas acredito eu que esses garotos que já passaram por dificuldades na vida conseguem superar o que vão encontrar lá fora.


O POVO – Sobre a sua carreira, qual o principal momento dela?


Ari – Após esses dois títulos (Lokomotiv conquistou a Taça da Rússia, na temporada 2016/2017 e o Campeonato Russo na temporada 2017/2018), acho que vivo meu melhor momento, mesmo tendo passado por uma cirurgia (no joelho direito, de reconstrução de ligamentos). Ter conquistado dois troféus em tão pouco tempo (um ano e meio de Lokomotiv), ter vivido essa possibilidade de ser convocado para a seleção russa, ter conquistado outras coisas pessoais também, esse meu projeto de assumir o Uniclinic, é sem dúvida o melhor momento da minha carreira.


O POVO – O que você conseguiu construir com ela?


Ari – Eu saí daqui muito jovem para a Europa, mas fui pai com 17 anos. Fui muito focado em ir e ficar por lá. Isso me ajudou muito a encarar as dificuldades. Nos primeiros meses fui ganhando muito pouco, tive problemas com o frio, a língua, tinha filho recém nascido aqui, mas consegui superar todas essas dificuldades e com todo esse esforço criar um bom patrimônio. Eu não me sinto totalmente realizado, mas digo que hoje posso cuidar bem dos meus filhos, dar uma boa escola, estou com esse projeto de ajudar outros garotos, tudo isso fruto de um grande esforço.


O POVO – O que você ainda almeja na carreira?


Ari – Eu sempre digo para os meus amigos e familiares que é uma profissão muito difícil porque exige um pouco mais de cabeça, de paciência. Viver 13 anos longe da família, dos amigos, de tudo que você sempre esteve perto é muito complicado. Acho que você tem que superar tudo e o atleta tem que ser motivado pelos familiares, precisa do apoio dos amigos pra conseguir ter essa vida. Já consegui realizar muitos sonhos na carreira, comprar casa para meus pais, vida boa para meus filhos, estudos, coisas que eu não tive. Já consigo também realizar projetos, mas ainda sou muito jovem, ainda posso me concentrar ainda, trabalhar muito, conseguir ir até os 40 anos, quem sabe disputar uma Copa do Mundo, ir para uma outra competição maior, como o Campeonato Espanhol ou Campeonato Alemão. Eu costumo entregar minha vida nas mãos de Deus e trabalhar cada vez mais. Quando você vai ficando velho nessa profissão tem que trabalhar mais ainda se quer jogar até os 40. Meu foco é esse. 

 

Pé no Chão


É TERMINANTEMENTE PROIBIDO entrar com sapatos na casa de Ari.

Assim que a reportagem chegou, teve que ficar descalça.

 

Tatuagens


A VIDA E CARREIRA de Ari estão contadas no corpo dele. Em tatuagens espalhadas pelos braços e pernas ele tem os nomes dos filhos e da mãe, desenhos de infância até a vida de atleta, o rosto dele mesmo que foi desenhado por uma criança quando defendia o Krasnodar e até a logo da empresa dele, a Arigooll, registrada na mão direita.  

 

Sotaque


TREZE ANOS DE EUROPA, sendo oito apenas na Rússia, interferiram diretamente no modo de falar de Ari. É notável um sotaque diferente, oriundo da mistura de idiomas, e certa dificuldade em encadear frases.

O que você achou desse conteúdo?