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Os riscos de uma política externa indefinida
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Os riscos de uma política externa indefinida

| mundo |Para o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte, são prematuras as análises sobre novo governo, mas indefinição de rumos externos pode atrapalhar o País
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Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África. (Foto: sara maia)
Foto: sara maia Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África.

A Educação foi o caminho escolhido inicialmente por João Bosco Monte para a carreira profissional. Contudo, instigado pelas similaridades entre o Brasil e o continente africano, ele escolheu dedicar-se a entender como acontecem as relações e diálogos entre esses dois lados do Atlântico e transformar-se em ponte. Assim, ele funda o Instituto Brasil África, organização não governamental que transformou-se, ao longo dessa quase uma década de existência, em uma das principais referências no País.

João Bosco Monte assume tom ponderado ao analisar o que o governo do novo presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve representar tanto para as relações com os países africanos como com outras nações. Ele prefere ressaltar a preocupação com a ausência de um norte sobre como a política externa deve acontecer pelos próximos quatro anos e como isso pode ter impacto negativo no Brasil.

O POVO - Como iniciou o seu interesse por política internacional? Como foi se configurando a sua trajetória profissional nessa área?

João Bosco Monte - Eu sou professor de relações internacionais, mas nem sempre estive ligado a essa área. A minha formação é em Educação. Em 2003, logo depois que o presidente Lula assumiu, eu ouvi uma frase dele que me marcou. Ele disse que a África e a América Latina seriam prioridades para o seu governo e eu entendi aquilo como um desafio de governo. Ficou guardado na minha memória e, mais na frente, eu me deparei com uma realidade que contribuía para aquilo que ele falou. Eu vi em Fortaleza um movimento das rabidantes, as sacoleiras de Cabo Verde, que estavam muito assiduamente em Fortaleza comprando produtos, de diversos tipos, para serem revendidos em Cabo Verde. Eu vi aquele movimento intenso e decidi fazer uma pesquisa acadêmica sobre o potencial do mercado do Ceará com os países de língua portuguesa (na África), não apenas de Cabo Verde. Foi aí que começou o meu interesse objetivo. Isso foi em 2006, três anos após essa observação feita pelo então presidente da República. Eu visitei os países de língua portuguesa na África, que são cinco: Cabo Verde, Angola e Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Eu comecei a tomar gosto pela África naquele momento, quando vi que existia, além dos laços culturais e históricos, um espaço grande de possibilidade de negócios, tanto de empresas brasileiras que poderiam ir para esses ambiente como de empresas africanas que poderiam achar no Brasil, especificamente no Nordeste e no Ceará, interesses comerciais e também de transferência de tecnologia. Eu considero que foi a gênese do meu despertar para o continente africano, quando eu fiz essas primeiras incursões nesses países de língua portuguesa. Depois, eu conheci outras Áfricas. Eu comecei a viajar para saber que outros ambientes africanos, comparados aos de língua portuguesa, poderiam ser interessantes para que o diálogo fosse estabelecido, as conexões fossem feitas de maneira proativa. Comecei, então, uma série de viagens, não apenas no contexto acadêmico, de pesquisa, mas também numa iniciativa de consultoria internacional. Dentre os países africanos, eu já tive oportunidade de visitar 42. Alguns países com mais constância, com mais consistência, outros com visitas mais
remotas e pontuais.

OP - É nesse contexto que surge a ideia de criar o Instituto Brasil África?

JOÃO BOSCO MONTE - Eu iniciei em 2006 a minha aventura, no sentido mais positivo que se pode observar. (...) Foi mais ou menos nesse período, de 2006 a 2009 ou 2010, que eu tive uma constância de viagens, bastante comuns e sequenciais para diversos espaços africanos. Depois disso, surgiu um novo momento da minha carreira, do meu interesse que foi quando conseguimos institucionalizar muitas das ações que eu fazia individualmente. Em 2010, o Instituto Brasil África foi criado com sede em Fortaleza. Quando nós pensamos o Instituto, estava muito claro para mim que ele deveria buscar conselhos, alternativas, experiências de pessoas que já tinham alguma ambiência com os espaços Brasil e África. Ao constituir o Instituto, uma organização não governamental, uma das agendas era juntar Brasil e África. Como juntar Brasil e África? A ideia era ter experiências brasileiras e africanas para serem mutuamente discutidas. Nós decidimos, então, ter um conselho consultivo que nos ajudasse a identificar essas agendas. Convidamos algumas pessoas amigas, próximas para estarem no conselho, com duas missões muito claras: dar eco àquilo que eu individualmente já fazia, mas que agora estava sendo institucionalizado, e ao mesmo ter respaldo, porque não era uma aventura, no sentido negativo, era algo sério. Nós convidamos pessoas que tinham reputação para dizer: "Isso é uma aventura muito boa. Nós apoiamos e considerem isso como uma iniciativa interessante".

OP - Quais as ações que o Instituto Brasil África vem fazendo ao longo dessa quase uma década de existência?

JOÃO BOSCO MONTE - Uma das agendas que estão na gênese do Instituto é o Fórum Brasil África, um ambiente onde líderes de diversas esferas e estaturas trazem suas experiências e suas boas práticas e, no final do dia, pode se transformar em uma oportunidade. Oportunidade de negócios para empresas, oportunidade de transferência de tecnologia ou de serviços, oportunidade para que organizações governamentais e não governamentais possam conhecer o que se faz no Brasil e na África. Nós conseguimos quebrar um paradigma. Durante muito tempo, a expectativa que as pessoas tinham é que apenas o Brasil poderia ensinar para os africanos. Ficava bastante claro para mim, por conta das várias viagens e muitos contatos, que algumas experiências africanas poderiam ser apresentadas e que o Brasil tinha muito a aprender também com os africanos. O Fórum Brasil África, que começou de forma ainda intuitiva, ganhou dimensão e hoje é um fórum internacional, que em 2019 vai para a sua sétima edição. Temos um programa que considero muito bonito que é de capacitação de jovens africanos. Isso nasceu em 2017, depois de muita discussão interna e com parceiros. Esse programa traz jovens de diversos países da África para receberem capacitação em áreas que o Brasil já mostrou que conseguiu fazer o dever de casa. Esses jovens voltam para os seus países, aplicam seus conhecimentos e conseguem, com os conhecimentos adquiridos, mudar o seu ambiente. Jovens africanos quando voltam aos seus países, levam a tecnologia, levam nomes, levam memórias do Brasil que vão ser repercutidos e replicados em diversos ambientes em que eles estão. Temos (ainda) pesquisas e estudos que nós realizamos e entregamos para espaços africanos e brasileiros. Recentemente fizemos um estudo sobre os pensamentos dos candidatos à Presidência da República sobre o cenário africano, o que eles tinha em mente sobre África, por exemplo. Essas ferramentas servem para atingir os nossos objetivos. Uma analogia com a ponte que liga um lado ao outro, nós entendemos que o instituto serve como uma ponte para ligar esses dois lados. Eu costumo dizer que a ponte que nós nos prestamos a ser atrai e reduz a distância. O Brasil não está não está tão distante da África como as pessoas podem pensar e a África também não é tão remota como o Brasil pode imaginar. As duas regiões precisam estar mais próximas e as ações do instituto servem para que essa ponte seja uma realidade.

OP - O cenário político nacional mudou muito desde o início da sua carreira nas relações internacionais. O novo presidente Jair Bolsonaro ainda não anunciou ações efetivas quanto ao diálogo com o continente africano. De que maneira isso pode modificar os relacionamentos com a região?

JOÃO BOSCO MONTE - O Brasil tem relações diplomáticas e relações comerciais com diversos países africanos desde antes do presidente Lula ter tomado a decisão de priorizar o espaço africano como uma agenda para o seu governo. Claro que, com essa decisão de Estado, isso avançou para que mais embaixadas brasileiras fossem abertas em países africanos, mais postos de embaixadas africanas fossem abertas no Brasil, mais aproximação comercial. A presidente Dilma (Rousseff) não tinha a mesma intenção, a mesma atuação que o presidente Lula. O presidente (Michel) Temer, nos dois anos que ficou no governo, também não colocou na sua agenda internacional a África como prioridade. O que vai acontecer agora com o presidente Jair Bolsonaro é uma incógnita. Ainda é cedo para dizer se África será ou não será prioridade. Pelo andar da carruagem, pelo discurso imediato dele de campanha, muito mais do que de presidente, ele tensiona um diálogo mais com os países que têm mais respostas objetivas, comerciais com o Brasil, seguindo um pouco a trajetória do ídolo dele, presidente Donald Trump. Por outro lado, ele não deu nenhuma evidência de que a África será apagada do mapa no contexto das relações exteriores que o Brasil vai ter com outros países. Como ele está há apenas duas semanas sentado na cadeira de presidente, ainda é prematuro para dizer o que ele vai priorizar ou não. O que preocupa no contexto das relações exteriores não é apenas a não sinalização com a África ou com outro país, outra região. Não há uma sinalização para onde a sua política externa vai apontar. Entendo que o presidente da República tem diversas prioridades e ele não colocou, e isso é uma decisão dele, entre as suas prioridades o diálogo com o Exterior. Ele não identificou para onde a sua bússola deveria apontar. Ele deu algumas suspeitas de que vai conversar com os Estados Unidos, vai conversar com Israel, vai conversar com o Chile, vai conversar agora talvez com a Argentina, com a visita recente do presidente Macri ao Brasil. Mas isso não está resolvido ainda. Eu também entendo que as análises apocalípticas de que o presidente Bolsonaro vai eliminar a agenda com África não acho que vão acontecer, porque em um movimento, além do movimento governamental, que são as ações das grandes corporações, as empresas brasileiras que têm interesse na África vão chamar a atenção do presidente. Ainda é cedo, eu prefiro esperar mais um pouco para ver as reações e os movimentos e a partir daí termos uma análise mais ponderada de para onde aponta a política externa do presidente Jair Bolsonaro e se aponta para a África. O que é temoroso é que, enquanto o governo não sabe qual vento seguir, pode levar para qualquer lugar, o que é ruim. Se você não tem esse direcionamento, no final do dia pode trazer transtornos com consequências muito danosas.

OP - Que tipo de transtornos essa falta de definição pode trazer para a maneira como o Brasil se posiciona internacionalmente?

JOÃO BOSCO MONTE - O mundo tem uma dinâmica muito intensa, então se o Brasil não se posiciona para saber se quer falar mais com um ou com outro, outras agendas são construídas por outros países. (...) O governo não apontou com que espaço o Brasil vai dialogar. Não apenas do ponto de vista do negócio, mas também de afirmação como um ator importante no cenário internacional. Por exemplo, o diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o brasileiro José Graziano (da Silva) será substituído proximamente porque acaba o seu tempo de mandato nesse posto e o Brasil não se posicionou ainda, não indicou nenhum candidato para suceder. Mesmo que o Brasil indique esse candidato, existe um voto individual de cada país membro. Se o Brasil não tem o apoio da África, que tem 54 países, por exemplo, ele perde um apoio substancial. Se o Brasil não dialoga com esses países, não traz para o centro do debate, o Brasil perde a oportunidade de se manter em espaços que outros começam a ocupar.

OP - Existe o risco do Brasil perder esse protagonismo?

JOÃO BOSCO MONTE - O Brasil perdeu desde algum tempo o seu protagonismo regional, deixou de ser um ator importante nas discussões no contexto regional, da América do Sul e da América Latina, e tinha, no contexto africano, um espaço de diálogo muito intenso, durante o governo do presidente Lula, o que (também) se perdeu nos últimos anos. Isso não é (responsabilidade) do presidente Bolsonaro, mas dos que sucederam o presidente Lula. Eu acho que esse momento que nós estamos passando agora é muito delicado, porque nós não temos nenhuma liga internacional, nenhuma agenda internacional que faça com que o Brasil possa ser o protagonista. O Brasil perdeu o seu espaço na agenda de discussão e isso é ruim. O governo que inicia agora precisa entender que, apesar da discussão interna que se trava, não pode perder a noção se que o Brasil não está só. Essas ações que o Brasil deveria estabelecer como protagonista, que não se estabelecem pelo menos nos primeiros dias de governo, podem trazer danos para que o Brasil se mantenha ou volte para um espaço de destaque no cenário internacional.

OP - Existe um indicativo de que vai acontecer um alinhamento com os Estados Unidos. Essa perda de espaço, que vem acontecendo já antes do governo Bolsonaro, pode ser revertida por esse alinhamento ou pelo contrário?

JOÃO BOSCO MONTE - Eu costumo dizer que quem tem um não tem nada. Se o Brasil definir que as suas ações serão muito intensas e muito próximas com os Estados Unidos, pode ser que a recíproca não seja verdade, e acho que não é. O presidente Donald Trump não tem pelo Brasil o mesmo amor que o presidente Jair Bolsonaro expressa pelos Estados Unidos. Se o governo do presidente Bolsonaro prioriza a relação com os Estados Unidos em detrimento de uma relação com a China, com o Mercosul ou com países africanos, isso pode trazer um grande problema. Os Estados Unidos não vão compensar esse distanciamento. Nós temos que considerar os Estados Unidos como um grande parceiro, o alinhamento com o presidente Trump, pelo menos do ponto de vista comercial, tem que ser reforçado e mantido, mas o Brasil não pode deixar de dialogar com outros, porque os mercados são voláteis e são cíclicos. A visita do presidente argentino foi uma boa agenda construída mais recentemente. Eu lembro da frase do então candidato a ministro da Economia, Paulo Guedes, onde ele disse que o Mercosul não era importante, não estava na agenda, desconsiderando que dentro do Mercosul tem um país que durante muito tempo foi, e ainda é, um grande parceiro comercial do Brasil, que é a Argentina, que não pode ser desconsiderada. A visita do presidente Macri foi importante, mas acho que, antes da Argentina vir ao Brasil, o Brasil deveria ter buscado uma conversa com a Argentina e com outros parceiros que tenham uma relação comercial intensa com o País.

OP - Essa visita do presidente Macri pode significar que esteja havendo uma mudança e que haja um fortalecimento dessa relação com o Mercosul e com países do hemisfério Sul, em geral?

JOÃO BOSCO MONTE - Acho prematuro dizer que a visita do presidente Macri dê esse cenário. A visita do presidente Evo Morales (da Bolívia) para a posse do presidente Jair Bolsonaro também poderia ser (um indicativo) que o presidente brasileiro quer se aproximar, mudar a sua aproximação com os países da América do Sul e da América Latina. Ainda é cedo, não houve nenhuma manifestação tácita do governo Bolsonaro de que a América Latina está na sua
agenda prioritária...

OP - Bolsonaro participará do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, nesta semana, o que está sendo considerado como um primeiro teste do presidente internacionalmente. O que podemos projetar para essa participação dele?

JOÃO BOSCO MONTE - Ele vai ter talvez a chance de ser um dos personagens principais. O presidente Trump já disse que não vai, então a agenda de extrema-direita, as discussões vão estar muito mais próximas do presidente Jair Bolsonaro do que de outros atores. Lá, ele vai ter condições de falar com diversas autoridades de governo, mas também, e principalmente, com investidores, com ambientes de negócios. Ele vai dizer o que o Brasil espera e para onde o Brasil vai apontar. O discurso dele, que vai ser ecoado naturalmente, para o bem ou para o mal, vai apontar um pouco para qual momento o Brasil vai se dirigir. Não tenho ainda a expectativa que, em um mês de governo, o presidente vai definir, mesmo estando em Davos, para onde o governo vai, porque a sua chancelaria também não fez essa leitura. O presidente escolheu um ministro (de Relações Exteriores, Ernesto Araújo) que não disse ainda para onde a política externa brasileira do governo Bolsonaro vai apontar. O chanceler Ernesto Araújo não disse para onde o Brasil quer colocar os seus contatos, a sua bússola.

OP - Setores de empresários brasileiros pressionaram quanto a algumas decisões anunciadas pelo governo, como a mudança da embaixada para Jerusalém e a possibilidade de saída do Pacto de Paris. De que forma as decisões e os recuos podem impactar na imagem brasileira no Exterior?

JOÃO BOSCO MONTE - O Brasil é maior que o presidente brasileiro, seja o presidente Jair Bolsonaro, seja o ex-presidente Lula, seja qualquer outro nome. Eu tenho ouvido que o Brasil é um país que serve de modelo em diversas áreas. Já venceu problemas, já passou por situações que alguns países ainda passam. O Brasil respondeu positivamente a muitas demandas. Então, o presidente da República não é maior que a nação. Mas as suas decisões podem impactar positiva ou negativamente em um espaço-tempo mais curto. Os dois episódios que você mencionou trouxeram problemas naquele momento que o presidente apontou que poderia tomar aquelas decisões. E voltou atrás porque ele viu que tinha consequências mais sérias. (...) Nós temos um grande antídoto para esses movimentos que é a ação do Itamaraty. Eu tenho dialogado com muitos diplomatas, não apenas no contexto africano, mas também em outros lugares na minha atuação mais direta nos postos que o Brasil tem nas embaixadas e consulados na África e tenho visto o grande trabalho feito pelos diplomatas, pelos funcionários do Itamaraty, para levar uma agenda não apenas comercial, mas uma agenda de aproximação de interesses nas mais diversas frentes com os espaços africanos. Então, esses movimentos que o presidente faz ou que venha a fazer, que tragam danos, o Itamaraty pode, e eu não estou fazendo nenhuma projeção messiânica, de alguma maneira tentar resolver, trazendo uma outra perspectiva.

OP - Sobre o Itamaraty, houve muitas críticas a nomeação do chanceler Ernesto Araújo e já ocorreram alguns impasses, como a exoneração do titular da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Como é possível avaliar a estrutura montada para o órgão nesse governo?

JOÃO BOSCO MONTE - O presidente Jair Bolsonaro tem todo o direito de escolher os seus assessores. O presidente foi escolhido pela maioria dos brasileiros de forma democrática e ele tem a prerrogativa de escolher quem ele entende ser a sua melhor assessoria. Ele escolheu o embaixador Ernesto Araújo para conduzir a pasta que trata de temas da política externa brasileira. Esse é um ponto que nós não podemos contestar. A experiência do embaixador Ernesto Araújo talvez tenha sido um ponto que o presidente Bolsonaro não levou em consideração. Ele não escolheu um funcionário de carreira do Itamaraty com larga experiência internacional para conduzir uma pasta muito sensível, para conduzir uma agenda muito delicada, (o que) não quer dizer que um funcionário que tem menos experiência possa realizar uma boa tarefa. Mas eu entendo que existem quadros no Itamaraty que poderiam entender melhor o cenário. (...) O Itamaraty precisa entender internamente o direcionamento que vem a partir da sala principal daquele o órgão. O chanceler precisa dizer para os seus comandados no Brasil e fora do Brasil qual é a pauta que deve ser seguida. Não disse ainda. Isso é perigoso porque se você não sabe para onde quer ir, qualquer evento pode ser oportuno e isso pode não ser a melhor resposta. Os postos, as embaixadas, os consulados espalhados em vários lugares do mundo precisam saber qual a agenda do Itamaraty. Nós temos que ter uma agenda comum, porque o Brasil é um país que tem importância. O Itamaraty precisa, a partir do seu chanceler, identificar qual a sua agenda. Especificamente com a África, eu tenho conversado com alguns embaixadores e ainda não há uma definição de que forma o diálogo será estabelecido.

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