Conforme ensinou Adam Smith, há mais de 240 anos, o comércio internacional contribui para aumentar a riqueza das nações. O comércio exterior ao expandir o mercado aumenta as trocas e a divisão do trabalho gerando aumento da produtividade e da riqueza.
A constituição dos blocos econômicos regionais, Mercosul (1991), Nafta (1992) e União Europeia (1992), ocorre em um período tomado por uma nova onda liberal no comércio internacional. Nesse contexto, os blocos econômicos se transformariam em arquipélagos do liberalismo. A experiência, todavia, revelou que em boa medida os obstáculos nacionais ao comércio foram substituídos por obstáculos regionais, ou seja, o protecionismo deixa de ser nacional para ser de bloco.
Especialmente após a crise mundial de 2008, a economia internacional passa a apresentar uma nova dinâmica caracterizada por um processo de desglobalização e neoprotecionismo que se traduz em uma taxa de crescimento do comércio mundial abaixo da taxa de crescimento do PIB mundial. O Brexit, e a descontinuidade das Parcerias Transatlântica (TTIP) e Transpacífica (TTP) e a guerra comercial EUA x China são eventos dessa nova configuração internacional.
Nesse contexto, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, além da importância para os dois blocos econômicos, pode contribuir para uma inflexão na ordem mundial protecionista na medida em que os dois blocos juntos representam 25% do PIB mundial. Destaca-se que cerca de 60% do comércio mundial ocorre dentro de acordos de livre comércio.
A longo prazo, para o Brasil, assim como para os demais países, a remoção ou redução de tarifas deve estimular a competitividade, a produtividade e a inovação. As exportações e as importações brasileiras com a União Europeia que em 2018 representaram 17,6% e 19,2% do nosso fluxo comercial deverão se expandir aumentando a corrente de comércio.
Vale destacar que uma das principais características do processo de internacionalização produtiva contemporânea é a integração entre o comércio e o investimento no exterior. O Brasil, que se situa entre os sete países que mais recebem investimento direto estrangeiro, se beneficiará com a expansão dos fluxos de investimentos decorrentes do acordo de livre comércio.