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Tolerância não é passividade
Opinião

Tolerância não é passividade

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Um dos valores básicos do liberalismo é a tolerância, princípio responsável por significativos avanços civilizatórios. Pautada no respeito ao pluralismo de ideias, a democracia expressa a tolerância pelo cultivo do diálogo e do debate racional, que enriquece as visões de mundo e faz a sociedade avançar. Isso não se confunde, porém, com passividade e conformismo diante de algo que se sabe nocivo. Cultiva-se a tolerância com ideias, com pessoas, não com vícios.

Hoje vemos, de forma inédita no Brasil, pessoas irem às ruas para defender reformas que são, de certa forma, impopulares, embora necessárias e inadiáveis para o desenvolvimento econômico e social do nosso País. A nova Previdência, a reforma administrativa e o pacote anticrime são muito importantes e a população que entende isso tem o direito de se mobilizar para defendê-las. Pressionar o Congresso para a aprovação dessas medidas não é colocá-lo sob ameaça, mas é tirar o Brasil da ameaça de uma classe política fisiológica.

Infelizmente aí se misturam setores mais radicalizados e ideológicos que deturpam o que de louvável há em tais movimentos. Criticar a atuação do STF é uma coisa, bradar pela sua extinção é outra; denunciar as práticas pouco republicanas de determinados parlamentares é uma coisa, pedir pelo fechamento do Congresso é outra. Não devemos repudiar apenas o fisiologismo da velha política, mas igualmente devemos condenar as propostas de soluções radicais que sugerem ruptura institucional.

Sabemos, entretanto, que a militância que adere a isso é minoritária e convém atentar que rotular de autoritários todos os que acharam por bem pressionar o Congresso nas ruas pelas referidas reformas pode ser sintoma de condescendência com velhas práticas políticas já rechaçadas. Se é bem verdade que devemos zelar pela democracia, não é menos verdade que para aprimorá-la é preciso disposição e ânimo para mudar.

O povo nas ruas, pela aprovação das reformas, não é uma ameaça ao Congresso, mas o modus operandi da velha política, que ameça barrar reformas necessárias, é uma ameaça ao Brasil. 

 

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