Mais uma vez Bolsonaro fere a Constituição ao cortar investimentos em cursos de ciências humanas, agora ferindo o artigo 207, que define: "as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial (...)".
Em 1933, os nazistas iniciaram a queima de livros e começaram a perseguir filósofos, sociólogos, historiadores e outros pensadores. Milhares foram obrigados a fugir do país, entre eles Theodore Adorno e Sigmund Freud. A Ditadura Militar de 1964 também retirou o ensino de Sociologia e Filosofia, justamente por serem matérias que fariam a juventude pensar e questionar o regime.
Além disso, o número de alunos de graduação desses cursos representa apenas 2% do total nas universidades, cujos conhecimentos são baseados em fatos empíricos, resultado de densas observações e acompanhamentos. Os resultados dos seus estudos são obtidos pela utilização de rigorosos métodos de levantamento e análises de dados, e não podem ser entendidos como simples doutrinação.
Os brasileiros devem esquecer as perguntas sobre quem somos, de onde viemos, para onde vamos? A Filosofia e a Sociologia servem para refletir sobre a vida, sobre os seres humanos e seu sistema social, político e econômico.
Devo lembrar que o Iluminismo, movimento que contribuiu para o progresso da humanidade e saída da Idade Média, tinha como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano.
As disciplinas estão presentes nos diferentes contextos e vêm fornecendo contribuições extremamente relevantes para os diversos problemas, como violência e desigualdades sociais e contribuem para a formação de políticas públicas.
Convém lembrar que políticas públicas são ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos para garantir o bem-estar da população. A análise, projeção e execução desses processos passam por estudos sociológicos. Todo Estado Democrático de Direito necessita das ciências humanas. Eu, como professor, estarei na linha de frente contra esse retrocesso proposto por Bolsonaro.