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Excessos à parte, a força das ruas
Opinião

Excessos à parte, a força das ruas

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Tipo Notícia

É sempre saudável a uma democracia que o povo vá às ruas manifestar sua opinião, defender suas ideias e prioridades, criticar agentes públicos dentro do limite oferecido pelo exercício pleno da cidadania. O Brasil assistiu tal fato acontecer ao longo do dia de ontem, com milhares de pessoas ocupando as ruas de cidades espalhadas pela totalidade dos estados da federação para manifestarem apoio ao governo de Jair Bolsonaro e pressionarem os poderes Legislativo e Judiciário diante de resistências que ele estaria encontrando para levar adiante uma agenda de reformas.

Fortalece o ambiente da democracia, reforçando o tema, que tudo aconteça sob a mais completa normalidade, sem alteração da vida das cidades ou registro de qualquer ato de violência. Deu-se tudo dentro da mais absoluta ordem, inclusive em relação aos eventos acontecidos em Fortaleza e nas outras cidades cearenses que registraram mobilizações em apoio ao governo e à sua pauta político-administrativa. Neste aspecto, sem dúvida, um dia como o de ontem faz o País avançar mais um passo no rumo de consolidar sua condição democrática.

O problema está na presença de manifestantes, em núcleos isolados, é verdade, aproveitando-se das mobilizações para apresentação de pautas extravagantes e, algumas delas, em flagrante desafio à ordem legal. Gente, por exemplo, que sugere uma intervenção das Forças Armadas ou o fechamento do Congresso como alternativas para que o governo que defendem supere dificuldades que são naturais a uma estrutura institucional que busca equilíbrio entre os poderes.

Diante do cenário posto, é importante que as vozes oficiais busquem um afastamento das posturas extremas, até como forma de ampliar a legitimidade de suas críticas aos comportamentos adotados por agentes públicos de alguma forma identificados como entraves à pauta que Bolsonaro representa com sua chegada à presidência da República. Criticar o Congresso e os congressistas é possível, colocar sob discussão as posturas do STF e dos ministros faz parte do processo, desde que esteja considerado o limite do que está determinado nas leis e na constituição.

Repita-se, há vigor numa democracia que oferece à sociedade espaço para demonstrar-se insatisfeita sempre que este for o caso. No entanto, também é papel de quem exerce tal direito zelar para que exageros sejam contidos e a estrutura institucional saia intacta de cada oportunidade em que o povo for às ruas na luta pelo que entende ser o seu direito de fazer pressão às forças que compõem o Estado brasileiro, no caso, localizadas na estrutura dos poderes Legislativo e Judiciário.

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