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O que nós, as mães do Brasil, queremos
Opinião

O que nós, as mães do Brasil, queremos

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Neivia Justa 
Jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres
 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Neivia Justa Jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres

De acordo com o calendário promocional do varejo brasileiro, maio é o segundo melhor mês do ano. O "Natal" do primeiro semestre, quando vamos às compras para presentear nossa "rainha do lar".

Todo segundo domingo de maio inundamos nossas redes sociais com declarações de amor incondicional às nossas mães num interminável desfile de fotos tipo "família de comercial de margarina".

O que significa ser mãe nesse mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em que vivemos? Será que ainda existe aquele perfil de matriarca que sonha em ganhar um eletrodoméstico, como algumas marcas insistem em retratar?

Será que nós queremos mesmo celebrar o Dia das Mães almoçando com nossa família num restaurante lotado, com longas filas de espera e um serviço sofrível?

De que adianta essa exaltação do amor materno em um único domingo do ano, se na segunda-feira seguinte tudo continua igual e nós seguimos sem os mesmos direitos, oportunidades e salários que os homens que são pais? Se continuamos sendo vistas como as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e a criação dos filhos?

Você sabia que nós, mães do Brasil, chefiamos cerca de 40% dos lares brasileiros (57,3 milhões das casas), respondemos por 42% da renda familiar, influenciamos 80% das decisões de compra e controlamos 70% dos gastos em bens de consumo?

Sabe o que queremos de presente de todos vocês, que estão em posição de poder e que têm ou tiveram uma mãe? O direito de viver sem discriminação, sem nenhum tipo de assédio ou violência, seja ela física, moral, doméstica, trabalhista ou obstétrica.

Queremos ter assegurada a soberania sobre nossos corpos e, se escolhermos gerar uma nova vida, garantindo a continuidade da raça humana, não sermos preteridas profissionalmente nem demitidas por isso.

Justiça entre a vida profissional e pessoal é o que queremos. Políticas de apoio à família que incluam a licença parental remunerada para mães e pais e o acesso universal a creches, entre outros benefícios, que valorizam nossa capacidade de equilibrar família e trabalho.

O que você tem feito para nos dar esse presente? 

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