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Dia D, de Domingo
Opinião

Dia D, de Domingo

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Regina Ribeiro
Jornalista do O POVO (Foto: Iana Soares/O POVO)
Foto: Iana Soares/O POVO Regina Ribeiro Jornalista do O POVO

Dia 13 de março deste ano, num café com jornalistas, no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou "que dorme com uma arma ao lado da cama". Independente de toda a segurança que o cerca, surpreende essa quase obsessão que o capitão e ex-deputado nutre pelas armas, o que, de alguma forma, explica o seu governo. A luta desenfreada de Bolsonaro - e família - para armar a população brasileira, além de preocupante é obsessiva. Tão patológica que ele sequer pensa nas consequências do que está fazendo. Os remendos para a retirada da possibilidade de um cidadão comum poder portar um fuzil semiautomático, calibre 5,66, e a elevação na idade mínima para que jovens pratiquem tiro oferecem provas do desequilíbrio do projeto.

As falas contraditórias de Jair Bolsonaro são tão inexplicáveis que não recordo de nenhum presidente, desses da nova geração da extrema-direita, que tenha falado mal do seu país no exterior. Nunca li notícia alguma de um presidente que chamasse seus conterrâneos de "idiotas, imbecis", principalmente dirigindo-se a jovens. Nem ouvido falar que, num discurso público para estrangeiros, um presidente tenha feito críticas contra a imprensa e jornalistas do seu próprio país de forma tão acusatória, embora o país do tal presidente o tenha elegido e esteja em pleno regime democrático.

É no meio dessa avalanche de ações e falas paradoxais - e desastrosas - que muitos brasileiros irão às ruas em diversas cidades a fim de "defenderem" o Governo Bolsonaro. O presidente, até o início desta semana, planejava ir a uma das manifestações. Foi convencido de que não faria boa coisa. Na última quinta, ele reclamou que a pauta de domingo que incluíam "fechar o STF" e "invadir o Congresso" estavam mais próximas do venezuelano Nicolás Maduro. No entanto, semana passada, esse mesmo presidente divulgou e endossou um texto em que falava da "pressão de corporações", se colocava contra os políticos e o STF e chamava o Brasil de "ingovernável".

Não tenho dúvidas de que este domingo, 25 de maio, será o momento histórico que poderá definir os rumos deste governo, este, sim, completamente desgovernado do ponto de vista de uma condução que demonstre um plano exequível nas áreas estratégicas que ponham os brasileiros no caminho do desenvolvimento sustentável. O presidente Jair Bolsonaro age como alguém sob efeito de alguma substância que o faz oscilar diante da realidade. Num momento fala algo, noutro, diz o oposto. E nessa gangorra tentam se equilibrar os agentes econômicos, os investidores, os gestores públicos e privados, as universidades, os estudantes, cada um de nós.

O presidente sequer percebe que não tem controle nenhum sobre a base xiita que ele alimenta com tanto gosto. Ele não imagina o que podem pedir dele seus apoiadores, cultivados apenas com frases de efeito, maledicência contra os que não o apoia e porções diárias de ódio. O presidente esqueceu-se completamente do seu discurso de posse, no qual prometera "unir o País, defender a Constituição, trabalhar para todos os brasileiros". Contraditório, o presidente não presta atenção ao que ele mesmo fala. Tomara que amanhã, escute muito bem o que será dito nas ruas. 

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