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Os adolescentes merecem um novo começo
Opinião

Os adolescentes merecem um novo começo

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Adriano Leitinho Campos
Defensor público da Infância e Juventude de Fortaleza
 (Foto: Adriano Leitinho Campos)
Foto: Adriano Leitinho Campos Adriano Leitinho Campos Defensor público da Infância e Juventude de Fortaleza

É comemorado neste 25 de maio o Dia Nacional da Adoção, data em que aproveitamos para chamar a atenção das pessoas para a questão da adoção tardia, principalmente, envolvendo adolescentes. Por meio da análise dos dados obtidos no Cadastro Nacional de Adoção, o Núcleo de Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude da Defensoria Pública identificou que a preferência pela adoção se dá por crianças até cinco anos de idade. Dos 733 pretendentes habilitados no Ceará, apenas 25 aceitam adolescentes para adoção. Já em Fortaleza, não há pretendente habilitado para adolescentes e atualmente, das 91 crianças e adolescentes aptos à adoção, 75 são adolescentes.

Este dado diz muito a respeito dos mitos, medos, preconceitos e inseguranças que permeiam a adoção tardia, sendo necessário que se percorra novos caminhos para quebrar essa visão negativa e contribuir para diminuir os altos índices de adolescentes institucionalizados.

A sociedade desconhece a realidade dos adolescentes em acolhimentos institucionais, o que, juntamente com o sentimento de insegurança, causa uma maior dificuldade de se adaptar em uma família substituta. Viver em uma unidade de acolhimento tem caráter provisório e, por dividir a atenção dos cuidadores com muitas outras crianças e adolescentes, ocasiona um prejuízo no desenvolvimento do afeto e das relações sociais.

O adolescente é também sujeito de direitos e necessita de família acolhedora, que possa estar ao seu lado nos momentos de alegria e dificuldade e com a qual seja possível criar laços duradouros de amor e afetividade. Deste modo, é necessária e urgente uma política pública voltada à adoção tardia que vise romper com essas barreiras e permita a reinserção social destes meninos e meninas.

A Defensoria Pública do Ceará está desenvolvendo o projeto Visita Guiada, onde pretende levar os candidatos à adoção às unidades de acolhimento, estabelecendo vínculos com os adolescentes e uma convivência que permita a criação de laços afetivos. Estes jovens merecem um novo começo, uma família, e é responsabilidade de todos nós fazermos com que eles não percam os sonhos e a esperança. 

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