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Desordem e retrocesso
Opinião

Desordem e retrocesso

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Ítalo Coriolano
coriolano@opovo.com.br
Jornalista do O POVO (Foto: O POVO)
Foto: O POVO Ítalo Coriolano coriolano@opovo.com.br Jornalista do O POVO

Patriota do jeito que é - ou que se diz ser -, o presidente Jair Bolsonaro poderia ter iniciado seu governo seguindo, pelo menos, o lema positivista que estampa a bandeira nacional: ordem e progresso. Entretanto, passados quase cinco meses de gestão, o que se observa é uma bagunça generalizada, comprometendo a estabilidade de sua administração e o futuro do próprio País.

O primeiro passo para se conquistar um mínimo de tranquilidade é colocar as pessoas certas nos lugares certos. Fica impossível fazer algo de bom na área pública escolhendo Damares, Ernestos, Weintraubs e afins para cargos estratégicos. Sem as qualificações necessárias, sem apreço ao diálogo, fica impossível planejar e executar ações efetivas. Não se trata de ser de esquerda ou direita, se trata de ser competente, de deixar as ideologias de lado e agir de forma técnica.

Infelizmente, o que se vê é exatamente o contrário. Há um desejo incontrolável, e isso inclui o próprio presidente, de alimentar uma guerra politiqueira que, até agora, só serviu para desidratar a popularidade do ex-deputado e deixar o Brasil distante do caminho correto, lá na beira do abismo. Basta olhar os números da economia.

Falta a Bolsonaro a capacidade fundamental que era imaginada durante a campanha: poder de controle. O presidente sequer consegue afastar a influência negativa que os filhos exercem sobre assuntos federativos. Não satisfeitos em manter o clima bélico com a oposição, ainda compram briga com os militares. Se alguma coisa anda no Executivo, temos que agradecer a essa ala.

A Educação é uma das áreas onde o caos parece imperar. Anunciam cortes em três universidades com argumentos estapafúrdios, depois ampliam a medida sem critério algum. A resposta veio das ruas, e é aí onde reside o perigo. Caso as manifestações cresçam, Bolsonaro terá mais um tsunami para se preocupar. E não é xingando estudantes que as coisas vão melhorar. Por isso, é urgente recomeçar. Refundar o governo. Trazer a competência para o centro, consolidar uma base no Congresso, respeitar as divergências. Sem isso, o lema da era Bolsonaro não poderá ser outro: desordem e retrocesso. 

 

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