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Rodrigo Maia e o colapso social

16/05/2019 01:38:17
Plínio Bortolotti
plinio@opovo.com.br
Jornalista do O POVO
Plínio Bortolotti plinio@opovo.com.br Jornalista do O POVO (Foto: O POVO)

No governo do presidente Michel Temer (MDB) foram aprovadas a reforma trabalhista e a PEC do teto dos gastos, que congelou as despesas públicas por 20 anos, medidas apresentadas como palavras da salvação.

As mudanças profundas nas leis trabalhistas, seus defensores diziam, teriam o condão de gerar entre dois milhões de postos de trabalho em dois anos ou "mais de seis milhões de empregos", conforme declarou o então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Agora, já está na praça a mesma conversa mole a respeito da reforma da Previdência: "Governo prevê a criação de oito milhões de empregos em quatro anos". Acredite quem for tolo.

Quanto ao teto de gastos, era urgente para equilibrar as contas públicas, pois o Brasil, como "qualquer família", não pode "gastar mais do que arrecada". (A comparação com uma família é esdrúxula, pois são coisas diferentes. Os EUA devem o equivalente a mais de 100% de seu PIB; o Japão supera os 200%.)

Na verdade, o que estava por trás da ânsia de se aprovar o teto dos gastos, era a necessidade de continuar pagando juros extorsivos de uma dívida pública de R$ 3,7 trilhões a bancos e grandes fundos de investimento. Dinheiro sangrado dos cofres públicos, sem que nenhum governo tivesse a coragem de, ao menos, submeter essa papelada a uma auditoria para verificar o tamanho real do abismo.

Mas, ora, vejam só quem já está buscando vacina para as previsões dos curandeiros econômicos: Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados. Ele está em Nova York, a trabalho, e afirmou - conforme registrou a Agência Câmara - que o limite imposto pelo teto de gastos, em combinação com a falta de crescimento econômico, pode levar o Brasil a um "colapso social" nos próximos anos. Ele também duvidou da capacidade de a reforma da Previdência "ressuscitar a economia", devido ao problema da excessiva rigidez orçamentária. Para ele, será preciso ampliar o dispêndio governamental após a reforma e, para isso, há de se rever o teto de gastos.

Maia procura distanciar-se dos efeitos de uma medida que seu partido apoiou, pois o desastre recai agora sobre um governo do qual é aliado. 

Plínio Bortolotti