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Um apelo ao ministro da Educação
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Editorial opinião

Um apelo ao ministro da Educação

O quadro é de justificada aflição entre os gestores das instituições públicas federais de ensino superior, em todo o País, com o bloqueio anunciado de 30% do orçamento previsto para o exercício financeiro de 2019. É impossível colocar em prática uma rearrumação emergencial que adeque as necessidades cotidianas a um corte de tal magnitude, o que torna real o risco de termos um sistema de ensino público inviabilizado, mantidas as circunstâncias, a partir de um período determinado do ano.

No caso do Ceará, de acordo com material assinado ontem pelo repórter Henrique Araújo, a perda chega, somada, a R$ 108 milhões em quatro instituições: UFC, IFCE, Unilab e UFCA. Um ambiente já marcado por carências e por verbas insuficientes, torna-se ainda mais desafiador a partir de decisões tomadas sem critérios claros e objetivos e dentro de uma lógica financeira linear insustentável à mais rasa das apreciações de caráter técnico que se faça.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, pode ter suas convicções pessoais e suas críticas à forma como funciona hoje o sistema público de ensino superior no Brasil. É natural que projete, com a equipe, mudanças para adequá-lo àquilo que pensa ser o mais correto, desde que seja capaz de entender que ações bruscas e com potencial objetivo de inviabilizar as instituições vão de encontro à expectativa da sociedade, ideologias e conceitos políticos à parte. Lembre-se que apenas no caso da UFC, voltando ao exemplo cearense, são 108 cursos de graduação, outros 123 de pós-graduação e uma comunidade total diretamente envolvida, contando-se apenas alunos, professores e servidores, superior a 32 mil pessoas.

É obrigação do ministro, mais do que apenas um direito, zelar pela aplicação rigorosa de todo recurso destinado à educação, garantindo-lhe a busca do objetivo de reverter números trágicos que o País apresenta no setor. Uma realidade que até justifica o anseio de mudança que Abraham Weintraub demonstra, porque não é uma responsabilidade objetiva dele e do governo ao qual serve, mas, em qualquer circunstância, os passos nesse sentido precisam ser calculados, sob risco de, ao contrário da intenção, agravar um quadro já crítico nas circunstâncias atuais.

O governo e o ministro precisam demonstrar capacidade de ouvir vozes contrárias, considerando os aspectos técnicos da crítica e aceitando discutir ponderações sobre os efeitos nefastos de medidas radicais sobre o sistema de ensino público superior. Suspender o bloqueio orçamentário imposto às instituições atingidas e abrir um amplo debate com a sociedade seria um gesto de inteligência e de disposição de Weintraub e equipe para unir forças em torno da luta pela melhoria do ensino que as universidades em questão oferecem à população brasileira.

 

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