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A avaliação do governo Bolsonaro
Opinião

A avaliação do governo Bolsonaro

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Tipo Notícia

Às vésperas de completar 100 dias no cargo do presidente da República, o que acontece na próxima quarta-feira, dia 10, Jair Bolsonaro se depara com pesquisa de avaliação popular, realizada pelo Instituto DataFolha, que lhe impõe uma profunda reflexão sobre o que fez até agora e, especialmente, quanto àquilo que ainda precisa realizar nos três anos e 9 meses, aproximadamente, que ainda tem de mandato. Números preocupantes, que determinam uma leitura cuidadosa do seu significado, considerando a realidade de um governante que chegou ao cargo sob grandes expectativas, com discurso forte de renovação no quadro de práticas públicas no País e que conquistou o mais alto posto da Nação livre de amarras partidárias e de acordos políticos.

A era Jair Bolsonaro tem sido intensa na sua fase inicial, pela decisão adotada de acelerar alguns processos como meio de afirmar esse novo momento. Um quadro muito determinado por escolhas controversas em algumas áreas, exatamente aquelas nas quais o ritmo de instalação do modelo proposto apresenta maiores velocidades, podendo-se citar o setor educacional e o sensível mundo das relações exteriores. Claro que se pode ponderar, de outra parte, a opção por oferecer estabilidade e segurança nas escolhas para áreas igualmente delicadas, como a economia e a justiça, entregando-as a dois nomes que têm sido fiadores, do ponto de vista da sociedade, da adoção de políticas na linha de buscar o anseio de quem o elegeu presidente da República. No caso, a nomeação de Paulo Guedes e Sérgio Moro para o comando das pastas responsáveis por dar o tom nas políticas respectivas.

De volta à pesquisa DataFolha, ela dá números àquilo que se percebe nas ruas, ou seja, que há um clima de frustração com os primeiros dias do governo Bolsonaro. O registro de 32% de consultados que o consideram bom ou ótimo, contra 30% de ruim ou péssimo, além de 33% de regular, aponta o mais baixo índice de aprovação de um governante na avaliação do mesmo período já registrado nos levantamentos do instituto. Outro dado muito ruim, já olhando para frente, é quanto à expectativa em relação ao futuro, que só consegue superar em otimismo aquela que se criara em relação ao primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso.

É um quadro que já estava apontado por outras pesquisas, de outros institutos, e que exige humildade e sabedoria do presidente e de sua equipe. Há mudanças que se demonstram necessárias, algumas urgentes, e elas precisam ser feitas como forma de realinhar o sentimento e a expectativa da população. As primeiras reações do presidente Jair Bolsonaro, com desdém e menosprezo aos números coletados, ajudam pouco, mas, temos certeza, haverá vozes sensatas em seu entorno nos próximos dias aconselhando-o acerca da maneira correta de fazer uso das informações preciosas que o DataFolha oferece acerca de como o brasileiro avalia sua gestão, e o seu estilo de comandar o País, e, especialmente, o que espera dos dias que estão por vir. n

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