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1964: O Brasil entre Armas e Livros
Opinião

1964: O Brasil entre Armas e Livros

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Antonio Jorge Pereira Júnior
antoniojorge2000@gmail.com
Doutor e mestre em Direito - USP,  professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor   (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Antonio Jorge Pereira Júnior antoniojorge2000@gmail.com Doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor

O imaginário humano se compõe de impressões que derivam de experiências vividas por si ou relatadas. Ambas podem corresponder mais, ou menos, à realidade. Por elas se projeta na mente uma "realidade imaginada para si".

Há uma necessidade humana de ter um conhecimento verdadeiro das coisas. Assim, os relatos que nos chegam por pessoas de confiança - família, professores, imprensa - instalam-se na mente como "inquestionáveis".

Quando se fica mais maduro, alguns percebem que mesmo aquelas narrativas selecionaram dados e fixaram conexões orientadas também por filtros ideológicos, conscientes ou inconscientes.

Quem possui um espírito mais aberto e democrático, então, dispõe-se a escutar versões diversas das que possuía. Outros, pelo contrário, fecham-se e se encerram em uma perspectiva única.

Os eventos de 1964 suscitam versões variadas.

Nesse sentido, a diversidade de leitura auxilia no aperfeiçoamento de sua compreensão.

Abrir-se a narrativas díspares e atentar aos fundamentos apresentados, ajuda a libertar-se de estratégias de falsificação da realidade, pretensão inegável de ideólogos profissionais que pretendem manter-nos na "caverna" quanto a algumas verdades que chocariam com a sua ideologia.

Nesse contexto, vale assistir ao documentário "1964: O Brasil entre Armas e Livros" e incentivar sua exibição nas universidades e escolas. Ora, a dialética continua sendo elemento importante na evolução do pensamento, sobretudo em matéria histórica. Assim, mediante contraste, aperfeiçoa-se a visão pessoal, fazendo-a mais fidedigna aos acontecimentos.

O documentário transporta o espectador ao ambiente de guerra fria típico do mundo bipolar, algo de difícil apreensão para as gerações atuais. Sem tal moldura, perde-se muito da compreensão do apoio da mídia, da OAB e da sociedade à derrubada de Jango que, por sua vez, também não reagiu, quando poderia tê-lo feito. O documentário recupera o clima político e econômico do Brasil. Traz relatos de pessoas como Olavo de Carvalho e também de Fernando Gabeira e Vera Magalhães, guerrilheiros que dizem que não pretendiam a democracia, senão outra ditadura, a do proletariado. Também não há defesa da Ditadura militar, como alguns disseram. Pelo contrário, há crítica contundente, sobretudo a partir do AI-5. Por tudo dito, recomendo assistência. 

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