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Lava Jato: cinco anos
Opinião

Lava Jato: cinco anos

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Maior operação de combate à corrupção no Brasil, a Lava Jato completou cinco anos ontem. Nesse período, foram deflagradas 60 fases, uma média de 12 por ano - uma a cada mês. Foram expedidos 310 mandados de prisão contra 267 pessoas e lavradas
50 sentenças, que resultaram em
242 condenações.

A força-tarefa produziu ainda 227 mandados de condução coercitiva, um dos quais o do ex-presidente Lula, e 183 acordos de colaboração homologados na Justiça Federal no Paraná e no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, as penas aplicadas no âmbito da Lava Jato somaram 2.242 anos - mais de dois milênios de prisão.

Os números acima dão a exata noção do gigantismo da ação policial, que partiu de um caso envolvendo um doleiro no já distante 17 de março de 2014 para desbaratar um esquema de corrupção que pilhava uma das principais empresas petroleiras do mundo, a Petrobras.

 De lá para cá, a operação encabeçada por Ministério Público e Polícia Federal ajudou a expor os mecanismos do banditismo de colarinho branco nacional e as conexões ilícitas entre empresários e políticos, empenhados em fraudar o processo democrático brasileiro.

Houve atropelos, contudo. O excesso de prisões cautelares, por exemplo, é indicado por advogados e especialistas em Direito Penal como um dos pontos mais controversos na trajetória da Lava Jato. Outro, que fala por si, é a própria extensão da ianvestigação, cujo alcance - no tempo, estendendo-se até agora e sem previsão de término, e no espaço, abarcando casos que iam muito além da esfera jurisdicional do Paraná - lançou dúvidas sobre as decisões tomadas pelos procuradores e depois reiteradas pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

Entre perdas e ganhos, todavia, a operação fez avançar a compreensão de que, sob a aparência inofensiva do caixa 2, esconde-se uma sofisticada rede delitiva com objetivos vários: do enriquecimento pessoal, de que é exemplo notável o ex-governador do Rio, Sergio Cabral, até o financiamento de campanhas.

Passado esse tempo, a Lava Jato encara agora o seu momento mais
difícil. O entendimento firmado no STF de que crimes conexos aos de caixa 2 serão julgados pela Justiça Eleitoral sem dúvida impõe um limite à força-tarefa. Sem falar na possibilidade de que a Corte reveja, no mês que vem, a autorização da prisão em 2ª instância.

Nesses cinco anos, a força-tarefa nadou numa maré favorável de antipetismo e apoio popular. Os ventos, no entanto, parecem ter virado.

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