Logo O POVO+
Falta de informação
Opinião

Falta de informação

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Cleto Brasileiro Pontes 
Psiquiatra (Foto: Rodrigo Carvalho, em 11/9/2008)
Foto: Rodrigo Carvalho, em 11/9/2008 Cleto Brasileiro Pontes Psiquiatra

Paradoxalmente, acontece no Brasil o aumento exagerado de farmácias e de medicações similares ou cópias, no lugar de remédios de marca, ou seja, aqueles pesquisados, fabricados e vendidos por grandes laboratórios de reconhecimento internacional. Vale a pena ressaltar que a qualidade do remédio de marca, similar e genérico, teoricamente com substância idêntica, na prática, não é em termos de eficácia, podendo causar grandes malefícios. Em outras palavras, além das nossas indústrias farmacêuticas investirem nas cópias e similares, seguindo a lógica mercadológica de lançar cópia de medicação "sucesso", a qualidade é duvidosa, oferecendo alternativa por uns reais a menos e impondo programa de fidelização eticamente duvidoso.

Há quase três décadas a multinacional germânica Sandoz fundiu-se com a suíça Ciba-Geigy, criando a Novartis, com um portfólio diverso na área do Sistema Nervoso Central (SNC), com remédios fabulosos para esquizofrenia, alzheimer, depressão, TDAH... Tais medicamentos estão desaparecendo do mercado nacional sem explicação plausível, ao contrário, há desencontro total de informações, deixando os consumidores e familiares preocupados sem as drogas indispensáveis. Curiosamente, não são remédios baratos, ao contrário, o preço geralmente é superior ao vendido na Europa onde o poder aquisitivo é superior ao nosso. Gostaria de saber porque a Novartis está vendendo os seus grandes produtos para a Índia, como o Tofranil, antidepressivo, o Leponex para esquizofrenia, limitando-se a vender cópias de remédios de outros laboratórios. Será que é somente a Novartis do Brasil?

É bem verdade que a medicina hoje já está ultrapassada, ou seja, a de doenças com lucro incrível às indústrias e farmácias que se propõem a produzir e vender cópias e genéricos. No futuro, logo teremos duas novas medicinas, a preditiva que lida com a genética, células troncos etc, e a medicina da saúde que valoriza uma vida com alimentação mais saudável, exercício físico, sono de qualidade, convivência comunitária com menos estresse e maior participação em parques e áreas de lazer. No campo da psiquiatria a indústria medicamentosa foi de extrema importância na Europa, reduzindo leitos psiquiátricos, diferentemente do Brasil, onde a redução de leitos foi uma ação política arbitrária e demagógica sem elaboração de estratégias eficientes sérias, refletindo diretamente na degradação da saúde mental da população.

Não saberia dizer se o aumento do número de médicos pode reverter tal processo. Possivelmente, aumentará o número de clínicas populares, ocupando o hiato criado pelo Estado em termos de assistencialismo. Tenho, no entanto, certeza de que a informação em relação ao futuro das multinacionais é preocupante. Espero que estejam investindo na medicina preditiva e que não demore a acontecer nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Infelizmente o nível de investimento em pesquisas no Brasil está aquém da necessidade. Urge que os gestores se ocupem com a governança e prioridades da população, e deixem de lado por completo as fofocas políticas infrutíferas. n

O que você achou desse conteúdo?