O deputado federal Heitor Freire (PSL-CE) considera Olavo de Carvalho "o maior filósofo brasileiro vivo e um dos maiores do mundo". Foi o que escreveu no artigo "Quem é Olavo de Carvalho?", publicado ontem nestas mesmas páginas de opinião deste mesmo O POVO. Freire não economiza elogios: lúcido, imortal, gênio, brilhante. Chama atenção ainda para sua capacidade previdente. Em meados da década de 1990, Olavo teria antecipado "o estado de coisas da política e da cultura brasileira atual".

É realmente impressionante a escassez de referências sérias para o pensamento liberal contemporâneo. Não que faltem filósofos importantes alinhados à direita, o que falta é interesse da direita em estudar esses filósofos. Preferem endossar a belicosidade acessível de Olavo, um lacrador antes que o lacre virasse moda, e reproduzir os remates rasteiros de seus raciocínios. Como seu inesquecível tuíte de 2015, "Em breve só restarão duas religiões no mundo: maconha e c*", hoje com quase 11 mil reportagens na rede social.

Não que falte inteligência a Olavo. Pelo contrário, sua perspicácia é admirável. É só considerar o impressionante número de pessoas que já se matricularam em um dos cursos virtuais disponibilizados em seu site. As ofertas são muitas: de "Como tornar-se um leitor inteligente" a "Princípios e métodos da auto-educação"; de "Simbolismo e ordem cósmica" a "Esoterismo - na história e hoje em dia". É amplo o campo de pensamento do autodidata e ex-membro da ordem mística muçulmana Tariqa.

O deputado encerra seu artigo indicando o best-seller "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", um compilado de teorias conspiratórias e pobreza científica que ataca com violência a suposta doutrinação marxista nas escolas e questiona Charles Darwin e sua Teoria da Evolução. Newton, Dawkin e Hawking tampouco escapam da mira da metralhadora raivosa do filósofo. Também não escapei. Acabo de ir ao seu perfil no Twitter checar suas últimas postagens e encontrei a página bloqueada para meu usuário. Foi mal, Olavão. n