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O ACORDO QUE, SE EXISTE, SERÁ IGNORADO
Opinião

O ACORDO QUE, SE EXISTE, SERÁ IGNORADO

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Quem se interessou pelo assunto, saiu da Assembleia na última sexta-feira sem uma resposta objetiva para a pergunta que era mais comum às conversas políticas que se travavam nos corredores da Casa enquanto os novos (e velhos) deputados tomavam posse e era eleita a Mesa Diretora que passa a comanda-lá para o próximo biênio: há ou não o tal acordo que garante que ninguém da direção atual participa da escolha que será feita daqui a dois anos? Em português claro e na linguagem política, nenhum dos dez ocupantes atuais de cargos, a começar pelo presidente José Sarto, colocará o nome na disputa que será feita, pelo calendário parlamentar, para o biênio 1921/1922.

A história do acordo começou a circular enquanto se articulava um consenso de candidatura à presidência, diante da dificuldade de encontrar um caminho que permitisse evitar as disputas em plenário que, nesses casos, sempre costumam deixar insatisfeitos. É inevitável. Havia o nome de maior interesse do governo, aquele que parecia simpático aos irmãos Ferreira Gomes, o candidato de preferência dos próprios deputados, enfim, opções, padrinhos e argumentos fortes e de sobra. Mas, no final, apenas uma vaga à disposição, o que tornava a equação política difícil de fechar.

O quadro parecia tão encrencado que apenas uma solução criativa seria capaz de encerrar as discussões sem deixar estragos políticos pelo caminho. A história do acordo de não participação na próxima mesa, que parte dos negociadores confirma e outras vozes negam, enquanto um outro núcleo faz que não é com ele e cala, parece ter esta característica inovadora. Com um problema a considerar, caso de fato exista o tal acerto: é difícil que ele seja, no mundo real, cumprido.

Ainda mais quando se considera que o eleito para a mesa nos últimos dois anos de mandato, considerada a legislatura que agora começa, estará em posição-chave exatamente na hora importante em que muitos tentarão a própria permanência no Legislativo. Enfim, trata-se de uma jogada útil para dar conta de um problema emergencial, mas com potencial evidente para gerar problemas mais adiante. O fato de apenas uma parte dos envolvidos admitir é sintomático do que pode acontecer na hora de cobrar o seu cumprimento e amplia os riscos dos envolvidos virem a ignorá-lo solenemente.

Todos os atores implicados na história registram tempo suficiente na vida pública para terem claro que o acordo de não participação na próxima mesa, se realmente existente, é impossível de ser cumprido. Ou não estaríamos falando de política.

EM MEIO ÀS FARDAS

Um exercício muito comum hoje em Brasilia, com tantas mudanças do novo governo recém-instalado, tem sido identificar os interlocutores com os quais a conversa pode fluir em cada espaço. Com a estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia dominada por militares, o secretário estadual da área, Inácio Arruda, encontrou sua linha de conversa no secretário-executivo, Júio Semeghini.

ENCONTRO DE EX-COLEGAS

Vem a ser um ex-deputado federal tucano, de São Paulo, com quem Inácio diz ter estabelecido boa aproximação à época em que, também parlamentar, integraram juntos a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara. É nessa porta que encontrou aberta que o secretário cearense aposta para encaminhar as demandas de sua pasta com alguma expectativa de vê-las seguir dentro do complicado governo Bolsonaro.

O AZAR DO JOGO

Curto-circuito na boa relação entre a diretoria do Fortaleza Esporte Clube e o senador Luiz Eduardo Girão (Pros), que presidia o clube no épico acesso à série B, dois anos atrás. Um dos líderes do movimento Brasil Sem Azar, Girão não gostou de ver as camisas do seu time de coração agora patrocinadas por um site de jogos eletrônicos. Não há rompimento à vista, mas gente ligada a ele confirma o mal estar.

A PRIMEIRA VIAGEM

O ex-senador Eunício Oliveira é esperado na próxima quarta-feira em Fortaleza. É sua primeira vinda ao Estado desde quando começou sua nova vida fora de um mandato, 24 anos após assumir uma cadeira de deputado federal, criando uma grande expectativa em relação à agenda que cumprirá. Um dos encontros certos será com o governador Camilo Santana, do PT, de quem virou aliado nos últimos anos.

EX CONTRA EX

Quanto ao futuro fora de um mandato, presidir o MDB nacional começa a entrar no radar de Eunício. A engenharia política para isso, no entanto, exigiria uma antecipação da eleição no partido de setembro, mês inicialmente previsto, para março. O problema, a partir dai, é que o adversário a bater seria o (também) esperto Romero Jucá, que, igualmente derrotado ao tentar reeleição ao Senado, está fora do Congresso.

O PONTO CEGO

Se havia um deputado irritado na Assembleia sexta-feira passada era Vitor Valim (Pros), que não se conforma com o gabinete que lhe foi destinado, longe do plenário, num canto do prédio, distante de tudo. Egresso da Câmara Federal, onde cumpriu mandato nos últimos quatro anos, parecia esperar uma deferência que não teve na hora de definir os espaços de trabalho de cada um.

TCHAU

De férias, paro de pensar em política e em problemas pelos próximos 30 dias.

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