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A mosca, o touro e a loja de porcelana
Opinião

A mosca, o touro e a loja de porcelana

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Tipo Notícia
O estado do Ceará está vivendo, nos últimos dias, um caos, não tão somente da violência urbana produzida pelas facções, com ataques covardes para intimidar a população e fazer valer o seu poder paralelo, que atinge os direitos sociais consagrados na Constituição Federal, mas antes de tudo, nas relações sociais entre indivíduo e sociedade, com as coerções e restrições de natureza inconsciente produzidas nos atores sociais.

 

O dano psicológico no inconsciente coletivo, decorrente desses fatos sociais, é tão devastador que magnetiza o imaginário das pessoas, a produção de informação e contrainformação nas redes sociais, potencializando o sistema caórdico no Estado, levando a uma compulsão destrutiva de roubar de si mesmo e dos outros as alegrias da vida, influenciada pelo contexto social virtual, aumentando a constituição subjetiva do medo irracional. Esta é sem dúvida a variedade mais torturante das formas de atuação do medo.

 

Os bandidos calculam que quando causam dano psicológico coletivo na população, instituindo o medo, por meio de um modelo caórdico, desestruturando socialmente os cidadãos, conseguem, desta forma, todos os seus objetivos e não tão somente a de destruição de bens materiais. Fazem isso, porque sabem que o 

Estado desencadeará uma tempestade militar e política na opinião pública.

 

Isso lembra uma história contada por Harari de uma mosca tentando destruir uma loja de porcelanas. A mosca é tão fraca que não consegue mover uma única xícara de chá. Então como é que pode destruir a loja inteira? Ela acha um touro, entra em sua orelha e começa a zumbir. O touro se enfurece, de medo e de raiva, e destrói a loja inteira. Não vamos deixar que a mosca (bandidos) entre na orelha de nosso touro (sociedade) e venha a destruir a nossa loja de porcelana (direitos sociais). Lembre-se que a mosca só se alimenta de coisas ruins.

 

Vamos acreditar que essa tempestade irá passar, como tantas outras já passaram. Vamos mostrar que o nosso touro saberá racionalmente se livrar dessa mosca inoportuna. Vamos voltar a ter a paz, sem os resquícios de trauma causado por essa mosca, e exercer sempre os nossos direitos sociais.

 

Sidney Guerra Reginaldo

sidneyguerra@gmail.com

Doutor em Direito Constitucional e professor da UFC

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