Segundo o IBGE (2018) crianças, jovens e mulheres negras são os mais afetados pela pobreza. No Nordeste estão 44,8%, isto é, 25,5 milhões de pessoas. Os que mais sofrem com a pobreza são pretos ou pardos (34,5%). Quando consideramos as mulheres pretas ou pardas sem conjugue e com filhos sobe para 64,4% como grupo mais afetado. Acresce a informalidade que atingiu 37,3 milhões de trabalhadores em 2017 e pretos ou pardos são maioria entre os trabalhadores informais (46,9%), estes recebem 60% de um branco que está na mesma situação de informalidade.
Esses dados revelam o racismo estrutural, a naturalização das desigualdades raciais, que fomentam a visão da pobreza como problema de ordem moral e comportamental, pois estes são acusados de gastarem mal seus recursos, viverem no ócio, no alcoolismo, na vadiagem, ou seja, são destituídos de ética e de moral para o trabalho e para a vida social. Essas forças discursivas tem servido para culpabilizar a população negra por seu "destino" e estereotipá-la como classe perigosa, conformando o traço histórico da criminalidade mestiça. A pobreza não pode estar desconectada da estrutura econômica, politica e histórica de racismo, guarda relação com a forma de organização da produção e da exploração do trabalho.
Nesse contexto de ameaça aos direitos humanos é preciso evitar tragédias, codificar valores civilizatórios, ratificar as politicas de igualdade racial na garantia de direitos à população negra.
Zelma Madeira
zelma.madeira@gabgov.ce.gov.br
Coordenadora Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial e professora do curso de Mestrado em Serviço Social,Trabalho e Questão Social da Uece