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O governo que já nasce velho
Opinião

O governo que já nasce velho

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Tipo Notícia
Daqui a duas semanas, o Brasil terá, de fato, Jair Bolsonaro como presidente. O momento é cercado de expectativas, tanto positivas como negativas. A eleição do militar representa, para muitos, o rompimento com a era petista, marcada por escândalos de corrupção e derrocada da economia. Para outros, é o início de um período de incertezas, com direitos humanos e programas sociais comprometidos. O fato é que os primeiros movimentos de Bolsonaro trazem forte cheiro de coisa mofada, uma sensação de déjà vu nada agradável.

 

A começar pela indicação de alguns de ministros. Se escolha de Sergio Moro para o Ministério da Justiça foi considerada um gol de placa, a ida de Onyx Lorenzoni - acusado de receber caixa 2 por duas vezes - para a Casa Civil é uma bomba-relógio. Uma das pastas mais importantes do Executivo jamais poderia ser ocupada por alguém que tem tanto a explicar. Aliás, o que vem sobrando para o novo ministro é muita cara de pau. Questionado sobre as investigações que pesam contra ele, respondeu: "O mais importante é me resolver com Deus".

 

Já o futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino, é réu em ação ambiental e de improbidade administrativa. Aqui não se trata nem de avaliar a competência técnica desses e dos demais gestores, mas de destacar que a principal bandeira do capitão reformado fica comprometida com decisões equivocadas como essas. Por tudo que disse durante a campanha, se apresentando como o rei da honestidade, Bolsonaro precisava ser mais do que criterioso na hora de formar sua equipe.

 

Para completar, a família do presidente eleito está atolada até o pescoço na operação que investiga desvios de recursos da Assembleia do Rio. Um ex-motorista do deputado Flávio Bolsonaro recebendo em sua conta depósitos de funcionários do gabinete do próprio parlamentar. Trata-se de Fabrício Queiroz, o mesmo que depositou R$ 24 mil na conta da futura primeira-dama. Segundo Jair, apenas pagamento de um empréstimo que não foi para sua conta porque ele não tem tempo de ir ao banco. Acredite quem quiser. Ministros investigados, presidente envolto em suspeitas de corrupção. Parece que já passamos por momentos como esse. É a história se repetindo como tragédia.

 

Ítalo Coriolano

coriolano@opovo.com.br

jornalista do O POVO

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