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Editorial. Faltam explicações
Opinião

Editorial. Faltam explicações

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Jair Bolsonaro recebeu ontem, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o diploma de Presidente da República. A diplomação é uma cerimônia atestando que o candidato foi efetivamente eleito pelo povo e está apto a ser empossado no cargo, o que ocorrerá no dia 1º de janeiro de 2019. Com 57,7 milhões de votos, ele derrotou os adversários em uma campanha orientada pelo conservadorismo nos costumes e pelo combate à corrupção.

 

No entanto, uma sombra paira sobre o futuro presidente, desde que se viu envolvido em um caso até agora sem explicações convincentes. Como já é de conhecimento público, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encontrou movimentações "atípicas" na conta de Fabrício José Carlos de Queiroz, motorista e assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), até outubro deste ano, quando foi afastado de suas funções.

 

Segundo o Coaf, em um ano, a conta do motorista movimentou R$ 1,2 milhão, o que seria incompatível com o seu salário de cerca de R$ 9 mil mensais. Um dos cheques oriundo da conta, de R$ 24 mil, foi emitido para Michele de Paula, mulher de Jair Bolsonaro. Outras transações apontadas no relatório são repasses de outros assessores de Flávio para a conta de Queiroz e também transferências bancárias entre contas do motorista e de sua filha, Nathalia Queiroz, lotada no gabinete de Bolsonaro, até o mês passado.

 

Ainda não se pode fazer ilação a respeito do ocorrido, pois nenhum dos citados nos parágrafos anteriores é alvo de investigações. No entanto, é forçoso dizer que as explicações oferecidas até agora são claramente insuficientes, sem contar o sumiço de Queiroz, que desapareceu desde que o assunto foi divulgado. Flávio Bolsonaro disse que seu ex-assessor tem "explicações plausíveis" sobre o caso, mas não adiantou quais seriam. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirma que o cheque para a futura primeira-dama, seria o pagamento de um empréstimo, que ele teria feito a Queiroz, depositado na conta de sua mulher pelo fato de ele andar "atarefado" sem tempo de ir a bancos.

 

O assunto tem causado impacto nos auxiliares mais importantes de Bolsonaro. O futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, abandonou uma entrevista quando perguntado sobre o assunto. Sergio Moro, inicialmente, evitou dar declarações. Ontem disse ser "inapropriado", como futuro ministro da Justiça, falar de casos concretos; considerou que Jair Bolsonaro "já deu algumas explicações", afirmou que outras pessoas têm de prestar esclarecimentos e defendeu a apuração dos fatos.

 

É justamente isso que se exige: esclarecimentos dos envolvidos e investigação do caso, se as justificativas revelarem-se frágeis.

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