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Por que Dia da Consciência Negra
Opinião

Por que Dia da Consciência Negra

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Tipo Notícia

A existência do 20 de novembro enquanto Dia da Consciência Negra representa um momento de reflexão e também de celebração das conquistas.

Reflexão sobre as condições de vida dos negros e negras que ainda hoje encontram barreiras que os impedem de ascenderem socialmente. Evidente que tivemos um avanço durante os 12 anos do governo anterior que sensível às reivindicações dos movimentos negros transformou algumas delas em políticas sociais do Estado, a saber: as cotas raciais, a lei 10.639 - que democratiza a educação na medida em que traz pra sala de aula a história da África e dos negros no Brasil. E é sobre estas conquistas que devemos celebrar. E por quê?

 

Porque durante esse período em que avançamos nessa democratização do saber e da produção do conhecimento tivemos tanto no ensino superior, quanto nas escolas, muitas pesquisas de qualidade ampliaram o conhecimento, antes silenciado (pela falta de interesse ou mesmo por preconceito) sobre o continente africano e sobre os africanos nos diferentes Estados do Brasil. No caso do Ceará, avançamos significativamente. Essas pesquisas não acreditaram no discurso ideologicamente construído de que "Não há negros no Ceará".

 

O mapeamento indicativo de comunidades quilombolas rurais no Ceará elaborado pela Comissão Estadual de Quilombos Rurais no Ceará, aponta, atualmente, para mais de 69 comunidades distribuídas nos municípios cearense. Temos também, resultados de pesquisas, o conhecimento de que a cultura africana que predominou neste Estado foi de origem Congo-angolana. Essas informações são muito importantes.

 

Primeiro, desconstrói o discurso que inviabiliza uma parte da população cearense. Serviu muitas vezes de estratégias para tomar as terras de quilombolas do Ceará - se não tem negros no Ceará, não existiu quilombo. Segundo, contribui para dar uma auto-estima às crianças negras do Ceará que crescerão com a certeza de que são dessa terra e possuem história. Por outro lado, as crianças brancas aprendem a não serem racistas. Mandela dizia: Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.

 

Hilário Ferreira 

hilario.ferreira@fate.edu.br

sociólogo e militante do movimento negro. Grupo discute sobre intolerância religiosa com matrizes afrodescendente

 

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