Há 15 anos, alguns amigos australianos tiveram a ideia, fora de moda, de deixar o bigode crescer com o objetivo de chamar a atenção para a saúde masculina.
Nascia ali o movimento Novembro Azul. No começo, um grupo de 30 homens criou a Movember Foundation, uma organização sem fins lucrativos que arrecada fundos para pesquisar e auxiliar no tratamento do câncer de próstata, o segundo mais mortal entre os homens, além de outras doenças masculinas.
Em 2008, o Instituto Lado a Lado pela Vida, juntamente com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), trouxe o Novembro Azul para o Brasil. Além de conscientizar a respeito da importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças comuns em homens, o movimento quer quebrar o preconceito existente em relação ao exame de toque, que envolve a palpação da próstata pelo reto e é alvo de muitas piadas homofóbicas entre os homens. O machismo da nossa sociedade leva a grande maioria dos homens a achar que ter o ânus tocado por um médico colocará sua masculinidade em risco.
Importante para a detecção precoce do câncer de próstata, o exame de toque retal dura, no máximo, dois minutos, é indolor, não deixa sequelas e é bem menos desconfortável que alguns exames ginecológicos. Um estudo da Sociedade Brasileira de Urologia apontou que 51% dos homens nunca consultou um urologista, o especialista no sistema urinário e reprodutor masculino.
Já está passando da hora de você entender que sua vida, e não sua masculinidade, corre risco se você não colocar seu machismo e preconceito de lado. Ser homem requer coragem para cuidar da saúde. Ou você quer engrossar as estatísticas? Estima-se que um a cada seis homens irá sofrer com o problema. A cada 7,6 minutos, um caso é diagnosticado e, a cada 40 minutos, há um óbito por câncer de próstata no mundo.
Neivia Justa
neivia@uol.com.br
Jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres