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O machismo que mata os homens
Opinião

O machismo que mata os homens

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Você é homem, tem mais de 50 anos e nunca fez um exame de toque retal? Segundo dados do INCA, até o final de 2018, mais de 68 mil brasileiros serão diagnosticados com câncer de próstata

 

Há 15 anos, alguns amigos australianos tiveram a ideia, fora de moda, de deixar o bigode crescer com o objetivo de chamar a atenção para a saúde masculina. 

 

Nascia ali o movimento Novembro Azul. No começo, um grupo de 30 homens criou a Movember Foundation, uma organização sem fins lucrativos que arrecada fundos para pesquisar e auxiliar no tratamento do câncer de próstata, o segundo mais mortal entre os homens, além de outras doenças masculinas.

 

Em 2008, o Instituto Lado a Lado pela Vida, juntamente com a Sociedade  Brasileira de Urologia (SBU), trouxe o Novembro Azul para o Brasil. Além de conscientizar a respeito da importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças comuns em homens, o movimento quer quebrar o preconceito existente em relação ao exame de toque, que envolve a palpação da próstata pelo reto e é alvo de muitas piadas homofóbicas entre os homens. O machismo da nossa sociedade leva a grande maioria dos homens a achar que ter o ânus tocado por um médico colocará sua masculinidade em risco.

 

Importante para a detecção precoce do câncer de próstata, o exame de toque retal dura, no máximo, dois minutos, é indolor, não deixa sequelas e é bem menos desconfortável que alguns exames ginecológicos. Um estudo da Sociedade Brasileira de Urologia apontou que 51% dos homens nunca consultou um urologista, o especialista no sistema urinário e reprodutor masculino.

 

Já está passando da hora de você entender que sua vida, e não sua masculinidade, corre risco se você não colocar seu machismo e preconceito de lado. Ser homem requer coragem para cuidar da saúde. Ou você quer engrossar as estatísticas? Estima-se que um a cada seis homens irá sofrer com o problema. A cada 7,6 minutos, um caso é diagnosticado e, a cada 40 minutos, há um óbito por câncer de próstata no mundo.

 

Neivia Justa 

neivia@uol.com.br 

Jornalista, executiva e criadora do movimento #ondestãoasmulheres

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