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Editorial. As tarefas do novo ministro da Educação
Opinião

Editorial. As tarefas do novo ministro da Educação

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Os desafios do novo ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro (PSL) não são triviais. O Brasil tem quase 13 milhões de analfabetos, segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

 

Apenas no Nordeste, a taxa é de 16,2%, a maior entre todas as regiões do País. Boa parte deles se concentra entre os idosos - dois terços da população acima de 60 anos não sabem ler nem escrever. O segundo colocado, o Norte, tem 9,1% de analfabetos e o Sul, 4,1% - o menor índice verificado.

 

Outro dado estarrecedor: os brasileiros com mais de 15 anos sequer permanecem o tempo previsto na escola - apenas 8,2 anos contra os nove indicados. As razões para o abandono variam: precariedade da renda, desestruturação familiar e currículo escolar pouco convidativo.

 

O quadro se completa com a desvalorização do professor. Apenas 9% dos brasileiros acreditam que os docentes no País são respeitados em sala de aula, conforme levantamento chamado de "Índice Global de Status de Professores". Conduzido pela Varkey Foundation e divulgado em novembro, o estudo foi realizado em 35 nações, das quais o Brasil figura na última posição.

 

Indicado para o Ministério da Educação (MEC), Ricardo Vélez Rodrígues ainda não se referiu a nenhum desses obstáculos que terá pela frente.

 

Embora já tenha se manifestado incontáveis vezes desde que foi anunciado por Bolsonaro numa rede social, do novo titular do MEC não se sabe o que pensa sobre questões cruciais para a educação brasileira. Por exemplo, quais serão as diretrizes de sua política nacional de educação? Não falou ainda.

 

Dele sabe-se, todavia, que é um defensor do projeto "Escola sem Partido", sobre o qual já tratou em postagens no blog que mantém e em entrevistas, nas quais se posicionou a favor da aprovação de uma versão moderada do projeto no Congresso.

 

Filósofo colombiano naturalizado brasileiro e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, o docente também é contra a abordagem da educação sexual em sala de aula, considera o aquecimento global uma conspirata marxista e diz que o papel das escolas é preservar "valores tradicionais ligados à família e à moral humanista".

 

A despeito das opiniões do novo ministro, sobre as quais não cabe comentário, o MEC tem papel de formulador. A ele compete estabelecer os marcos em torno dos quais a avaliação e a pesquisa educacionais no Brasil vão se desenvolver.

 

É essa a tarefa de Rodríguez. Qualquer passo fora desse roteiro será incorrer no mesmo erro que os apoiadores de Bolsonaro apontam nas gestões anteriores: a ideologização. Apenas o sinal estará trocado.

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