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Os planos de governo e as fake news
Opinião

Os planos de governo e as fake news

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Tipo Notícia

A eleição presidencial se tornou uma máquina de fake news. As autoridades não conseguem coibir esse tipo de prática e o eleitor recebe informações completamente absurdas, distorcidas ou inventadas. Muitas pessoas compartilham essas mensagens (conscientemente ou não) nas redes sociais. 

 

Parte da grande imprensa articulou um movimento para separar fato de fake. A iniciativa não está surtindo efeito nesse terreno odioso e polarizado que se tornou o segundo turno presidencial. Proponho um novo caminho para o leitor que tiver indeciso: o exame dos planos de governo. Uma ação importante que ajuda a qualificar o voto e reduz o impacto das notícias falsas.

 

Os planos são apresentados no momento do registro da candidatura. Constituídos por uma série de princípios e propostas. Geralmente, começam com um diagnóstico da realidade nacional. São divididos por área: educação, segurança, economia, etc. Elaborados por especialistas ligados aos candidatos, os planos estão disponíveis no portal do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Muito mais que as entrevistas e postagens, oferecem um olhar aproximado, claro e sistemático de como se pretende governar, apontando quais as prioridades. É bem verdade que algumas passagens são vagas e a visão dos problemas sociais pode apresentar omissões ou exageros. Várias figuras do mundo político acabam deixando esse documento de lado quando assumem o governo. Analistas argumentam que a conjuntura da campanha é diferente do ofício de governar. A necessidade de coalizão pode alterar os projetos iniciais.

 

Entretanto, não podemos esquecer que o marketing da coligação utiliza esse registro como ponto de partida e a imprensa vai pressionar o futuro presidente com base nos eixos citados no plano de governo. Por isso, ao invés de usar o fígado nos debates e destilar o ódio nas redes sociais, busque as propostas do seu candidato e veja se possuem identificação com o que você pensa e deseja para o País. Verifique se as propostas são viáveis e coerentes com a realidade brasileira. Desqualificar o opositor contribui para anular o debate democrático civilizado. Assim, criticando as fake news, o cidadão não será levado tão facilmente pelas ondas da manipulação!

 

Cleyton Monte 

cleytonufc@hotmail.com 

Cientista político pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) e membro do Conselho de Leitores do O POVO

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